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Conscientização é a melhor arma contra o Vitiligo

Aprenda mais sobre essa condição com a dermatologista Gisele Viana



Créditos da imagem: JelenaBekvalac/ shutterstock
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Redação
25/06/20 às 17:26
Atualizado em 25/06/20 às 17:55

Criado para conscientizar e desfazer o preconceito, o Dia Mundial do Vitiligo, 25 de junho, é uma data que traz inúmeros debates acerca do tema. A pessoa afetada por essa condição tem como característica a perda da cor natural da pele, em algumas áreas pequenas ou maiores, dependendo de cada caso. Essa doença afeta 1% da população mundial e 0,5% da brasileira.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aproveita a data para discutir os impactos da discriminação a respeito da doença e a importância da informação. Algumas pessoas desenvolvem manchas pequenas, outras têm a perda da coloração de áreas maiores; extremidades, como mãos e pés, e partes do couro cabeludo (o cabelo torna-se branco) e da genitália ou boca também podem ser afetadas. Mesmo os olhos podem perder parte da coloração. As causas do vitiligo ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se com toda a segurança que não é contagioso e não ameaça a vida. Contudo, alguns pacientes sofrem muito com esta condição. O preconceito e o medo do contágio (o que definitivamente não ocorre) levam algumas pessoas a se afastarem de indivíduos acometidos pela doença. Muitos pacientes perdem a vontade de sair com amigos, o que afeta sua auto-estima.

Um artista muito importante na desmistificação do vitiligo foi o cantor Michael Jackson. Em 1993 ainda havia muito medo de falar sobre a patologia. As pessoas afetadas pela doença, muitas vezes, ainda escondiam as manchas. Foi quando o cantor, numa entrevista para apresentadora americana Opra, revelou que sofria com vitiligo. A repercussão atingiu mais de 60 milhões de telespectadores. Isso desencadeou uma onda de reações por parte de outras pessoas famosas, que também tinham a doença, e que vieram a público falar abertamente sobre o problema. 

Muitos anos depois, em 2014, a modelo canadense Chantelle Whitney Brown-Young, mais conhecida profissionalmente como Winnie Harlow, participou do American Next Top Model, mostrando abertamente suas manchas de vitiligo. Filha de imigrantes jamaicanos, ela teve o diagnostico de vitiligo aos 4 anos de idade, e sofreu bullying e depressão ao longo da infância. Quando se lançou como modelo, o mundo inteiro pode ver a sua beleza. 

Por que acontece o vitiligo?

O vitiligo ocorre com uma destruição dos melanócitos, células responsáveis pelo pigmento da pele e dos cabelos. Os cientistas ainda não sabem explicar o que leva a essa alteração. Um tipo de vitiligo não-segmentar, pode ser uma condição auto-imune.  A doença auto-imune ocorre quando uma parte do corpo é confundida pelas células de defesa como um corpo estranho, e faz com que elas ataquem aquela parte. Alguns estudos sugerem que outro tipo de vitiligo, o segmentar, ocorre quando o sistema nervoso do corpo sofre alterações.

Acho que estou com vitiligo! E agora?

Não entre em pânico. Apesar de não ter cura, existem diversos tratamentos para o vitiligo. Procure ajuda especializada: médico dermatologista! A sociedade Brasileira de Dermatologia tem uma lista com os médicos especialistas. Se seu dermatologista suspeitar que você tem vitiligo, ele vai rever sua historia clinica, suas doenças prévias, a história da família, e poderá solicitar exames e fazer o principal: um exame físico, quando poderá ser necessário o uso de lupas e luzes especiais utilizadas para chegar ao diagnóstico. Ele também vai examinar atentamente outros sinais em sua pele, como por exemplo, sinais escuros ou pintas.

Como o seu dermatologista vai tratar o vitiligo?

Ele irá conversar com você e avaliar o melhor tratamento a ser feito. Pode incluir pomadas e cremes específicos, psoralenos (medicamentos que estimulam o bronzeamento da pele), o tratamento de condições em outras partes do corpo e que podem ter relação com vitiligo (por exemplo, algumas pessoas podem ter doenças de tireoide ou alopecia areata), lasers, tratamento com luzes, e até cirurgias, para realizar implante de melanócitos, entre outros. Pode ser associada terapia e camuflagem para pessoas que se sentem melhor. Não há uma conduta única ideal para todos os pacientes. Em algumas pessoas, a despigmentação da pele pode ser a solução, quando a área com vitiligo está muito extensa. Foi a opção do cantor Michael Jackson. Essa opção serve  apenas para raros pacientes, não se adéqua a todos e não é completamente eficaz. Isso não é uma escolha indecorosa, e nem sequer remonta a qualquer preconceito. Cada pessoa deve ser livre para, junto a seu medico, escolher o que for melhor para si.


* Gisele Viana de Oliveira é dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology, Coordenadora de Mídias Sociais da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Minas Gerais, Mestre e Doutora pela UFMG e Diretora da Clinica Gisele Viana.