A pesquisa descobriu ainda um exame que pode detectar a idade arterial dos pacientes, diminuindo a mortalidade por doenças cardiovasculares
A Associação Para Pesquisa em Estrutura Arterial e Fisiologia (na sigla em inglês, Artery) descobriu, após uma série de estudos, um exame capaz de identificar se uma pessoa, mesmo jovem,
tem artérias rígidas que podem causar lesões encontradas em pessoas
mais velhas. Segundo a pesquisa, a idade das artérias pode ser diferente da
idade biológica do paciente, e quanto mais velhas elas forem, maiores são
os riscos para o coração.
De acordo com o presidente da Artery Latam e da Sociedade Latino-Americana de Hipertensão (Lash), Eduardo
Costa Duarte Barbosa, esse diagnóstico precoce pode tentar evitar as doenças
cardíacas e diminuir a mortalidade por doença cardiovascular.
A adoção desse novo método de exame, que utiliza a velocidade de
onda de pulso (VOP), gerada a partir de cada batimento do coração como um
biomarcador de dano vascular, pode ser um trunfo para reduzir os índices da doença,
responsável por mais de 380 mil mortes no Brasil, segundo a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), e aproximadamente 18 milhões de mortes no
mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Descoberta
Os estudos comprovaram que ao longo dos anos a elastina, presente
na parede média das artérias, se transforma em colágeno e faz com que os vasos
percam sua capacidade de elasticidade, aumentando a pressão arterial.
Para dar continuidade as pesquisas, os médicos comparam os vasos de um paciente normal
com de um doente e chegaram à conclusão que o doente tinha um endurecimento,
como se estivesse mais velho. Desta maneira, foi possível concluir
que quanto mais duro ou rígido o vaso fosse, mesmo em um jovem, a artéria agia como se ele tivesse 70 anos.
Sendo assim, a instituição começou a investigar e descobriu que a
avaliação da elasticidade arterial pode analisar melhor os fatores de risco do
paciente e fazer um diagnóstico precoce capaz de prever quem vai ter
doença cardiovascular, isquemia cerebral ou infarto. Com o uso deste
método, os médicos poderão determinar a qualidade das artérias, além da
idade biológica dos vasos, e escolher tratamentos mais adequados para cada
paciente.
Exame
O equipamento que permite medir a velocidade de onda de pulso foi
aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final do ano
passado. Uma empresa nacional já está vendendo esse equipamento, cujo custo
oscila entre R$ 20 mil e R$ 25 mil. Eduardo Barbosa acredita, no entanto, que, com a
demanda do aparelho, o preço deve diminuir.
No momento, o novo exame está disponível somente para pacientes particulares. A
Artery Latam pretende que ele se estenda para convênios de planos de saúde e,
numa etapa posterior, chegue também para pacientes do Sistema Único de
Saúde (SUS).