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FFWMAG Fashion Tour aponta o caminho da moda

Paulo Borges, Terezinha Santos e Mariana Weickert conduziram um bate- papo fashion com imprensa e blogueiros



Créditos da imagem: Camila de Ávila
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Bate- papo descontraído sobre moda para promover a abertura do Neospirit
Redação Sou BH
03/10/14 às 14:57
Atualizado em 01/02/19 às 20:00

A criatividade invadirá o Shopping Boulevard (Av. dos Andradas, 3.000 - Santa Efigênia) até o dia 19 de outubro. O mall recebe a exposição Neospirit com fotos de editoriais, ensaios de moda, jeans e muita criatividade. Para a abertura da nova mostra, o diretor criativo do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, a modelo e apresentadora Mariana Weickert e a estilista mineira Terezinha Santos, participaram de um talk show. O evento fez parte da FFWMAG Fashion Tour.

Segundo Paulo Borges, curador da exposição Neospirit, a moda está passando por um processo de transição. “Por causa da internet, a moda teve que repensar suas estruturas. Há uns 20 anos, quando se lançava uma coleção, o processo demorava muito. Por causa da globalização de um modo geral e da globalização econômica”, afirma.

Outra questão abordada por Paulo é a efemeridade das coisas. “Os processos da moda atual são diferentes por causa da internet. Por exemplo, temos o Fast Fashion que plugou milhares de pessoas, mas ao mesmo tempo ela crucifica a moda, pela rapidez que exige. Isso acaba interferindo no processo criativo”, conta.

A estilista mineira Terezinha Campos se preocupa com a angústia que os jovens modistas vêm passando devido à rapidez das coisas do mundo e da moda. “O processo criativo é muito diferente hoje. Há um sentimento de angústia que me acompanha. Percebo nos novos estilistas uma agonia durante o processo criativo”, diz. A estilista aconselha novos talentos da moda. “Hoje a única fórmula é se distanciar da internet no momento da criação e buscar o autoconhecimento. Tem que partir de uma realidade de cada um”, explica.

A modelo Mariana Weickert ressalta que a mudança na moda é algo normal. “As mudanças são constantes e não há como não se apegar às mudanças. A moda vira a verdade de cada um e é por isso que atualmente é tão distinta, graças a Deus somos todos mutáveis e a moda vai conosco”, diz. Seguindo essa premissa de que a moda está sempre em transição, Mariana explica que não há tanto o compromisso com o fashion, que seria a moda show. “Agora as coisas são reais. O fashion hoje é ter a sua identidade, é ser você. Atualmente o que está na passarela está na rua, antes era aspiracional, algo muito longe e intangível. Hoje tudo tá na moda, é mais permissível, mais gostoso”,

A moda, afirma a modelo, é uma forma de expressão. “A moda é uma forma de expressão, temos a necessidade de extravasar, é involuntário. Isso é a moda, são vontades de colocar coisas reprimidas para fora”, afirma. Questionada sobre o jeito característico que pessoas que estudam e gostam de moda se vestem a modelo afirmou que é engraçado. “Sobre o jeito que nos mostramos eu não sei te dizer, só sei que nos reconhecemos. É quase uma loucurinha, um terceiro olho. É um jeito que de tão diferente ficou igual”, explicou em meio a risos.

Mariana também falou sobre a moda feita em Minas. “E preciosa demais. Muito mais apurada, bem acabada, é diferente do fast fashion. É o slow fashion, por ser tratada com muito cuidado”, explica. Paulo Borges afirma que há uma vocação na moda mineira. “Hoje há uma única moda em qualquer lugar. Isso não a desqualifica. Mas aqui em Minas, existe o estilo artesanal que é a principal característica do mundo fashion mineiro”, conta.

Segundo Terezinha, estamos vivendo no Brasil um momento em que a moda está confusa. “A moda no Brasil precisa amadurecer. A avalanche de consumo dificulta o amadurecimento da moda. Temos que criar um consumidor de moda, que é diferente do consumidor que compra roupas”, conta a estilista. As primeiras filas dos desfiles eram reservadas somente para compradores e para a imprensa. Hoje isso mudou. “Hoje os desfiles vendem marcas e não roupas”, conta.

Novo Projeto

Paulo Borges encabeça o projeto Amo Moda Amo Brasil que consiste na valorização da produção nacional. “O projeto pretende valorizar algumas questões, por exemplo: somos o maior produtor de jeans do mundo. Quando falo em algodão as pessoas pensam em cotonete, mas o Brasil é um dos maiores produtores de algodão do mundo”, afirma Paulo.

Amo Moda Amo Brasil deseja colocar à mostra todos os profissionais que participam da cadeia produtiva do setor da moda. “Temos que valorizar o que é nosso. O que é feito de forma artesanal, o hand made, a arte”, explica.