Inverno 2015 da Vivaz é inspirada nos anos 70

Cresci ouvindo que só passarelas e revistas aceitam tudo, podem tudo. Cresci ouvindo que rosa e vermelho não era uma boa juntas, assim como mix de estampas ou listras. Com o tempo, aprendi que somos mais livres do que nos dizem e junto com isso vi que o que se desfila está cada vez mais possível para o dia a dia de uma “mulher real”.
 
A coleção Outono/Inverno 15 apresentada no Minas Trend pela Vivaz - marca mineira criada em 1998 pela estilista e empresária Elisabeth Faria – é um exemplo do que se pode tirar do corpo da modelo, soltar uns dedinhos na cintura e levar para casa. Corajosamente, especialmente quando se fala no glamour da noite, a passarela abriu mão do preto e trouxe cores - do vermelho queimado ao azul cobalto - em uma transição leve, com mangas soltas, tecidos delicados, muitas pedras e charmosas franjas nas pontinhas das longas echarpes feitas no mesmo tecido da peça.

A Vivaz desfilou vestidos com ombros vazados, decotes generosos em “V”, deixando parte dos seios à mostra e, claro, nada de roupa grudada no corpo. Tudo elegante, tudo leve, tudo fluído. As pernas, completamente de fora, ganhavam a passarela em passos largos, numa pressa doida para mostrar cada vez mais a beleza da moda de Minas Gerais, que parece se recusar em abrir mão da pedraria e do bordado. 

Assim como na recém-terminada semana de moda de Paris, quando os anos 1970 apareceram nas coleções da Maison Martin Margiela e Céline, a década também foi inspiração para Elisabeth, Camila e Isabela Faria, trio de estilistas da Vivaz. Ao contrário dos desfiles da Paris Fashion Week, porém, quando a época apareceu retratada através de estampas usadas em sofás, cortinas e toalhas de mesa dos tempos da brilhantina, a marca mineira transformou a passarela do Minas Trend na pista do Studio 54 e por ela desfilaram vestidos micro, longos e macacões com calças pantalonas volumosas que pareciam feitos para Bianca Jagger, Liz Taylor ou Liza Minelli. E se você acha inimaginável um tie-dye chique, acredite: ele existe na Vivaz! 

Pode ser que alcançar as silhuetas esguias de Izabel Goulart ou Renata Kuerten, duas das modelos que formaram o casting da marca, não seja meta impossível, embora improvável. Mas a ideia de aproveitarmos a liberdade que temos para nos vestir com coleções cada vez mais possíveis me parece combinação perfeita para que possamos encontrar no que a moda oferece aquele estilo que nos traduz, que nos traz alegria, que nos levanta, que nos liberta... Especialmente naquele dia bem real!

Fotos: Agência Fotosite