Documentário acompanha crianças da região e mostra como elas estão após 20 anos
Ponto de referência na Região Centro-Sul de BH, a Barragem Santa Lúcia representa uma fronteira abismal e não reconhecida em ‘Amanhã’, filme do mineiro Marcos Pimentel que chega aos cinemas nesta quinta-feira (29 de março). “Era como se existisse uma linha invisível que partia a barragem ao meio e separava dois mundos: favela e bairro”, narra o diretor em trecho do documentário.
A produção mostra crianças que viviam às margens da área verde em 2002, inseridas em realidades socioeconômicas completamente desiguais, e volta a acompanhar estes personagens 20 anos mais tarde, para mostrar como eles mudaram. Na capital mineira, a sessão de estreia – às 20h40, no Una Cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1581 – Lourdes) – conta com a presença do diretor Marcos Pimentel e da equipe do filme, que participarão de um debate com o público.
Em 2002, o cineasta registrou a rotina de crianças que moravam na Vila Barragem Santa Lúcia e de outras que viviam perto dali, em condomínios de classe média situados do outro lado do parque. Percebeu que, apesar de vizinhas, as populações eram economicamente desiguais e não costumavam se misturar.
“Então, resolvi pegar crianças de cada lado, provocar o encontro delas na barragem e levar uma para passar um fim de semana na casa da outra e vice-versa. Como criança não têm preconceitos, surgiram encontros maravilhosos entre pessoas que moravam tão perto, mas, ao mesmo tempo, eram tão distantes”, recorda-se o diretor.
Duas décadas depois, em 2022, Pimentel retorna ao local para um reencontro com estas pessoas, agora já adultas. Ele retoma o documentário para descobrir o que mudou na vida das crianças que conheceu no passado, mas acaba revelando também um panorama das mudanças que o país enfrentou ao longo do mesmo período.
“O Brasil mudou radicalmente nos últimos anos. Entre 2002 e 2022, o país foi virado do avesso e a sociedade brasileira reflete cada uma destas mudanças. Os trágicos quatro anos do governo Bolsonaro me deixaram com a certeza de que havia chegado o momento certo para voltar. Havia ali um ponto de mudança capaz de dialogar perfeitamente com o efeito do tempo sobre as crianças filmadas em 2002”, explica o documentarista.