Viva Bem

Pesquisa mostra que natureza beneficia bem-estar e saúde da população

Segundo o trabalho, quanto maior a exposição à natureza, menor o risco de infecções e maior a taxa de recuperação


Créditos da imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Agência Brasil

|
19/05/19 às 18:00
compartilhe

Um estudo demonstrou que o
contato com a natureza, mesmo que indiretamente, por imagens, pode ajudar a
melhorar o ânimo de pacientes em tratamento contra o câncer. Coordenado pela
pesquisadora Eliseth Leão no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert
Einstein, a pesquisa evidencia como relação com a natureza pode ajudar a promover a saúde.

Na primeira fase, foram mais de
28 mil avaliações de imagens da natureza produzidas pela própria equipe do
estudo, com foco no bem-estar, que formou um banco de 450 fotos que podem ser
usadas dentro dos hospitais em procedimentos futuros.

A partir dessas imagens, um vídeo
foi criado e apresentado a 78 pacientes durante sessões de quimioterapia. Os
dados ainda estão sendo analisados, mas já mostram que o estado de ânimo deles
no momento em que começam a receber o medicamento melhora após a visualização do
vídeo.

“Foi possível notar que os
aspectos negativos de preocupação e ansiedade são inibidos e os positivos, de
tranquilidade, são aumentados. Espero que esta tendência seja mantida com o
final do tratamento dos dados”, ressaltou Eliseth. Segundo a pesquisadora, há
teorias que servem de base para estudos da influência da natureza no bem-estar
das pessoas, como a teoria da recuperação psicofisiológica do stress,
mostrando que há uma reação restauradora imediata quando se está no meio da
natureza.

“Depois tem uma outra [teoria] de
recuperação da atenção: quando você está na natureza, você tem uma atenção que
não é forçada, não é dirigida, então você consegue se recuperar da fadiga
mental que nos acomete”, contou. “Outras pesquisas já antecederam o que a gente
está fazendo agora. As pessoas já sabem que a natureza faz bem, como quando
dizem querer ir à praia em situações de estresse, mas alguns tendem a achar que
é algo muito pessoal e sem evidência científica”.

Segundo Elisete, um dos estudos feitos na década de 80, colocava pacientes internados em
quartos que tinham vista para a natureza e outros em quartos que não tinham.
“Aqueles que tinham vista saíam do hospital antes, se
recuperavam mais rapidamente. Então começaram a estudar como
psicofisiologicamente a gente responde. Tem uma série de teorias que mostram
que [a natureza] é um ambiente restaurador”.

“Muita gente sabe dos impactos
causados pela degradação ambiental e como isso afeta a vida das pessoas, e
alguns desastres recentes comprovam isso. Mas o que pouca gente sabe é como
passar um tempo ao ar livre, principalmente em áreas verdes, traz não apenas
benefícios ao bem-estar, mas também à saúde. É isso que
queremos mostrar e resgatar a relação positiva entre as pessoas e o meio
ambiente”, diz Erika Guimarães, bióloga e especialista em Áreas Protegidas da
SOS Mata Atlântica.

O médico patologista Paulo
Saldiva concorda com as
afirmações da pesquisadora. Para ele, as pessoas não passam indiferentes por
uma floresta e, quanto maior a exposição à natureza, menor o risco de infecções,
maior a taxa de recuperação e menor o tempo para a alta de um paciente.

“Ao termos contato com a natureza
percebemos que há uma afinidade com ela, algo que enxergamos, pois foi
imprintado em nosso genoma por milhares de anos de evolução”. Ele apresenta um
dado da Universidade de Barcelona comprovando como a natureza além de confortar
psicologicamente, também aumenta o cérebro de crianças e a produção de
substâncias que reduzem inflamações e melhoram a imunidade.