Pesquisa da UFMG comprova que o excesso de proteínas favorece o aparecimento de doenças relacionadas à velhice
Muita gente não sabe, mas o excesso de proteína no organismo pode trazer sérios problemas à saúde. E pela primeira vez isso foi comprovado cientificamente numa pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com um instituto de pesquisa australiano e uma universidade da Inglaterra.
A pesquisa teve o objetivo de identificar os efeitos, em longo prazo, de dietas com abundância de proteínas nos organismos em geral. Durante cinco anos, a professora Viviane Alves, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, analisou os efeitos do excesso proteico no organismo dos vermes Caenorhabditis Elegans, que possui o gene muito parecido com o humano.
A análise da dieta em vermes foi uma das três etapas da pesquisa, que contou, ainda, com o estudo de células humanas, na Austrália, e de pequenas moscas, na Inglaterra, pelo Instituto de Pesquisas Médicas Sahmri. Os resultados foram divulgados pela revista científica australiana Current Biology, e indicou que a ingestão exagerada de alimentos ricos em proteína, como carnes, ovos, leite e derivados, pode provocar envelhecimento precoce, diabetes, doenças cardíacas e neurodegenerativas, como o Alzheimer.
“Quando a gente joga uma quantidade grande de proteínas com frequência, as células começam a não funcionar muito bem. Então elas passam a metabolizar as proteínas rapidamente e também cometer erros. Eu costumo dizer que é como se estivéssemos dirigindo, quanto mais veloz maior a chance de errar”, comenta a professora Viviane Alves.
Quantidade certa
Ainda segundo Viviane, não se pode pensar em cortar as proteínas da dieta, e sim ingerir a quantidade certa para o seu organismo. Para isso, é importante que se procure um nutricionista. “A gente tem que continuar comendo todas as fontes de proteínas, tanto na carne, ovos, quanto em legumes e vegetais. A questão é que a quantidade não pode ser excessiva ao longo da vida, porque as consequências a gente só vai ver lá na frente. Vários estudos já comprovaram que qualquer quantidade acima de dois gramas por quilo de peso corporal por dia, é prejudicial a saúde”, acrescenta.