Gastronomia

Vinho mineiro conquista ouro inédito e lidera premiação mundial

Produzido em Boa Esperança (MG), Isabela Syrah 2023 se torna o rótulo brasileiro mais bem avaliado da história no Decanter World Wine Awards


Créditos da imagem: (Foto: reprodução/Instagram)
Garrafa do vinho Isabela Syrah 2023, da Vinícola Maria Maria, sobre uma mesa com taça de vinho tinto e pratos de comida ao fundo. Isabela Syrah 2023, da Vinícola Maria Maria, premiado com medalha de ouro no Decanter World Wine Awards 2025, produzido em Boa Esperança

Maria Luíza Mendes

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10/07/25 às 16:59 - Atualizado em 11/07/25 às 12:56
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O Isabela Syrah 2023, da Vinícola Maria Maria, em Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais, surpreendeu o cenário internacional ao conquistar medalha de ouro no Decanter World Wine Awards 2025 — o único brasileiro a atingir essa marca na edição deste ano, que é considerada uma das mais respeitadas competições de vinhos do planeta.

O rótulo obteve 96 pontos, nota que o posicionou como o vinho brasileiro mais bem avaliado em todas as edições da premiação. A conquista veio após testes às cegas feitos por um júri composto por 248 especialistas de renome, que analisaram mais de 17 mil amostras de 57 países.

Produzido com 100% de uvas Syrah cultivadas na Fazenda Capetinga, também em Boa Esperança, o vinho homenageia a enóloga Isabela Peregrino, responsável pelo projeto. A vinificação foi feita exclusivamente em tanques de inox, sem madeira, para destacar o perfil aromático e frutado típico do terroir mineiro.

“Queríamos expressar com clareza o que o Sul de Minas tem de único. A ausência de barrica realça o sabor da fruta madura, com notas de pimenta, cravo, canela e um leve toque de couro”, afirmou Isabela.

O vinho faz parte da nova geração da vitivinicultura brasileira que aposta na chamada dupla poda — técnica que altera o ciclo da videira e permite a colheita no inverno, evitando a estação chuvosa e aumentando a qualidade da uva.

Brasil soma 145 medalhas, mas só um ouro

No total, o Brasil recebeu 145 medalhas no Decanter 2025: 1 de ouro, 48 de prata e 96 de bronze. Para alcançar o ouro, o vinho precisa atingir nota entre 95 e 100 pontos. A prata exige de 90 a 94 pontos, enquanto o bronze fica entre 86 e 89.

Potências do vinho mantêm hegemonia

A França dominou a competição, acumulando 3.200 medalhas. A Itália veio em seguida, com 2.204, e a Espanha, com 2.025. A Argentina e o Chile também se destacaram, com 428 e 334 medalhas, respectivamente, além de emplacarem rótulos na cobiçada categoria “Best in Show”, que elege os 50 melhores vinhos da competição.

Rótulos sul-americanos no topo absoluto:

  • Single Vineyard Malbec 2021 – Rutini Wines (Mendoza, Argentina)
  • Pionero 2022 – Bemberg Estate Wines (Mendoza, Argentina)
  • La Causa Cinsault-País-Carignan 2022 – La Causa (Vale do Itata, Chile)
  • Viñedo Escorial Organic Carmenère 2020 – Antiyal (Vale do Maipo, Chile)

Sul de Minas se consolida como novo polo do vinho nacional

A medalha de ouro para o Isabela Syrah reforça o papel do Sul de Minas como uma das regiões mais promissoras da viticultura brasileira. O reconhecimento internacional não só valida a qualidade do terroir, como também evidencia o sucesso das técnicas de inverno e da produção fora dos grandes centros vinícolas tradicionais do país.