Após show em festival, integrantes do Biquini (antigo Biquini Cavadão) falaram sobre atualidade das músicas e sobre momento do rock brasileiro
Biquini fala sobre rock nacional em entrevista após show no Prime Rock
A banda Biquini (antes conhecida como Biquini Cavadão) e outros grandes nomes do rock nacional se apresentaram no festival Prime Rock Brasil no sábado (12) em comemoração ao dia mundial do gênero, celebrado em 13 de julho. Ao Sou BH, o guitarrista do grupo, Carlos Coelho, disse que o “rock nunca sai de moda”, e que esse é o segredo para manter o sucesso mesmo após tantos anos de banda.
A reportagem do Sou BH esteve presente no evento, que reuniu milhares de fãs na Esplanada do Estádio Mineirão, na região da Pampulha. Em comemoração aos 40 anos de sua reunião, os integrantes do Biquini concederam uma entrevista após o show. Nela, comentaram sobre a atualidade de suas músicas mesmo décadas depois do lançamento devido às frequentes tensões sociopolíticas nas quais o mundo se encontra.
A banda também opinou a respeito do momento do rock nacional. O gênero, que liderava as rádios especialmente entre as décadas de 1960 e 1980, não está mais entre os mais escutados nas plataformas digitais — hoje, Sertanejo, Pagode e Funk dominam as listas de músicas mais ouvidas do Brasil.
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Perguntado pelo Sou BH, Bruno Gouveia, vocalista da banda Biquini, disse: “Infelizmente, nossas canções ainda tocam nesses assuntos [guerras, desigualdades e problemas sociais] porque os assuntos não esmoreceram. Eles continuam”.
“Nós continuamos a viver tempos em que há o personagem ‘Zé Ninguém’ (que dá nome a uma das músicas mais famosas do grupo), continuamos a ter nossa luta pela paz. Então, nesse sentido, ao falar, colocamos essas pessoas para desabafar também junto conosco. As canções viram verdadeiros desabafos, e nós, ao fazermos isso com o público, ganhamos uma força muito especial e renovamos as nossas certezas de que não podemos aceitar isso simplesmente do jeito que está”, finalizou.
“O rock nunca sai de moda, essa é a resposta para tudo”, opina o guitarrista Carlos Coelho. “É normal que haja uma renovação. As pessoas mudaram muito, as pessoas que regem as plataformas digitais são pessoas muito diferentes das pessoas que viveram nos últimos 50 anos. Então é normal que isso aconteça, que haja uma renovação, que o rock não seja o estilo mais popular. E a gente encara isso com muita tranquilidade, sem ficar ‘Ah, o rock, o rock….’. O rock ficou aí em 50 anos, não tem nada comparado ao rock em toda a história da música. Então, está tudo tranquilo”, explica.
Bruno Gouveia, por sua vez, citou a icônica banda Legião Urbana e mostrou-se otimista com o surgimento de novos talentos no gênero.
“Na contracapa do disco ‘Que País É Esse?’, da Legião Urbana, está escrito assim: ‘Que País É Este? 1978/1987’. O disco foi lançado em 1987 (mas a principal música foi composta em 1978). As pessoas começaram a ouvir Legião a partir do primeiro disco, em 1985. Foram sete anos em que Renato Russo ficou ali trabalhando cada letra, cada ideia, com o Aborto Elétrico, com o Trovador Solitário, até montar a Legião, até as coisas acontecerem. Estamos falando hoje no meio desta festa toda e pode ter um garoto que esteja escrevendo coisas incríveis e se preparando para dar essa volta por cima. Então, acredite nos seus sonhos, se você é esse garoto, e vai ser muito bom, quem sabe um dia, dividirmos um palco.”
Bruno Gouveia
Animando os rockeiros do festival, Biquini fez show eletrizante no Prime Rock. Com grande presença de palco, banda exibiu a bandeira de Minas Gerais, chamou fã para cantar e levou crianças ao palanque para o sucesso “Múmias”. Nas redes sociais, o grupo se declarou ao estado e contou como se sentiu após a performance.