Nesta terça-feira (17), o coletivo Mulheres Encenadoras realiza o “Mulheres Encenadoras em Rede”, iniciativa inédita em Belo Horizonte que propõe discussões em torno da atuação de mulheres artistas no campo da direção teatral, por meio de palestra-performance, mesas de debate, oficinas, residência artística e podcasts. Cida Falabella, Maria Thaís, Onisajé e a chilena Sara Rojo são algumas das encenadoras convidadas para compor a programação. Para a abertura está prevista palestra performativa com a atriz, dramaturga e poeta transvestigênera Ave Terrena, a partir das 20h, ao vivo, no canal do evento no YouTube.
“Fazer Mulheres Encenadoras em Rede é dar força para nossa existência dentro do teatro. Na história dominante, a gente percebe um apagamento e uma invisibilização das mulheres ocupando funções conceptivas. E a gente sabe que o teatro reflete a sociedade racista e machista, e dentro dessa estrutura, a gente não está livre das opressões”, explica a diretora, palhaça, drag king e educadora social Michelle Sá, integrante do coletivo e investigadora do teatro negrA e cenas decoloniais.
Cláudia Henrique, outra encenadora do coletivo, acrescenta que as mulheres ficam, muitas vezes, atrás das cortinas. “São muito saberes guardados nos bastidores da cena. Compartilhar esses processos é importante para o pertencimento e para a colaboração entre as criadoras que trazem trajetórias femininas diversas e potentes”. A atriz, pedagoga, gestora da Cia Candongas e Outras Firulas e atuante no teatro de comunidade completa que a escuta vai ser a base do encontro, “para que a gente veja e descubra outras mulheres que estão nesse mesmo movimento”, diz.
Além da profunda lacuna em relação à memória do trabalho de diretoras que construíram importantes caminhos estéticos, éticos e políticos, para uma das idealizadoras do projeto, a diretora, atriz e professora universitária Raquel Castro, a história da encenação ainda é marcada pela presença masculina, branca e cisgênera. “Há um pensamento naturalizado e preconceituoso de que funções técnicas, assim como as de ‘autoridade’ e ‘coordenação’ no campo teatral não são destinadas à mulher. Nosso objetivo é incentivar que as mulheres sejam encenadoras de várias formas, num conceito ampliado. Não tem uma forma só de exercer essa função. A gente busca uma perspectiva bem horizontal nas relações, que é uma ideia bem diferente do contexto da encenação masculina e patriarcal. Acho que passa por ampliar as formas e linguagens comtemplando a diversidade", explica.
A programação completa está nas redes sociais do Mulheres Encenadoras. As residências artísticas e residências solicitam inscrições prévias no link.
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