Belo Horizonte será palco de evento que celebra a diversidade de gênero e sexual. A Coletiva Fanchecléticas, de BH, promove até sábado (5) o 1º Festival de Arte Fancha, o FAFAN, um espaço onde novas realidades se concretizem para além da ilusão da normalidade. Serão apresentadas atrações nas áreas de literatura, cinema e artes cênicas, realizadas por artistas de todo o país. Com todas as atividades gratuitas, o festival acontecerá em formato online pelo YouTube e Facebook das Fanchecléticas, com link direto no site www.fanchecleticas.com.
Para compor a programação do Festival, foi aberta uma chamada pública que recebeu 279 inscrições, das cinco regiões do país e de 20 estados brasileiros. Também integram a programação artistas como Grace Passô, Nívea Sabino, Denise Lopes Leal, Ju Abreu e Idylla Silmarovi, da Cia Toda Deseo.
Esta quarta-feira (2) será dedicada à programação de literatura. Já na quinta (3), será o dia do Cinema e do Audiovisual, com exibição de "Quebramar", filme de Cris Lyra (SP), seguido de bate-papo com as artistas. As demais obras que compõem a categoria de Cinema e Audiovisual estão disponíveis para o público durante todo o FAFAN e podem ser vistas no site do festival. Entre as obras, está "República", curta de Grace Passô. Por fim, na sexta-feira (4), serão apresentadas as atrações da área do teatro.
“Para que fazer um festival de arte fancha, afinal? Ainda vivemos em uma sociedade que torna invisível muitas existências. Aqui criamos um espaço para a pluralidade. Queremos ver, ouvir e sentir o que essas pessoas estão falando e criando e que, na maioria das vezes, não encontram ecos no mercado e numa sociedade abafada por uma normatividade”, comenta Letícia Bezamat, atriz, designer e integrante das Fanchecléticas.
“Estamos gerando algo que não é apenas um evento isolado. Estamos criando redes, encontros, laços de fortalecimento que podem nos possibilitar um espaço de elaborações e fabulações de novas realidades mais justas e mais livres”, comenta Nádia Fonseca. “Também vale dizer que nosso encontro também cria outras possibilidades de fazer. Tudo é feito coletivamente, com muito afeto. É nosso jeito sapatão que confronta também lógicas produtivistas”, completa.
PROGRAMAÇÃO FAFAN - o que ver, ouvir, sentir
A programação foi composta por artistas convidadas e selecionadas por chamada pública e contará com bate-papo todos os dias após as apresentações. “Recebemos mais de 279 inscrições de todas as regiões do país. Ficamos muito felizes em ver onde chegamos e com a aceitação que nossa primeira edição teve. Isso faz crer que um festival de arte fancha é uma necessidade, talvez uma urgência”, diz dévora mc.
LITERATURA 02/06 - quarta-feira, às 20h - apresentações + bate-papo
“Histórias de amor e a cidade”, do Coletivo Papel Mulher (Rio de Janeiro/RJ, Campinas/SP, Campina Grande/PB e Curitiba/PR) 2021 | 14’40” Classificação: Livre. Com lambes impressos, saímos para colar e lamber as ruas com poesia, declarações e afirmações de amor de mulheres por e para outras mulheres.
“Vocalização de poemas”, de Nívea Sabino (Nova Lima, MG) 2021 | Ao vivo Vocalização dos poemas do livro "Interiorana" e textos inéditos. Experimento poético - Palavra falada/oralidade
“Poema com o Cu”, Vídeo-poema de Dariane Martiól (Coronel Vivida/PR) Classificação: 12 anos. A artista visual Dariane Martiól (@dmartiol) escreveu um poema e dele fez poesia em vídeo.
“Encantado das Águas”, de Linete Matias (Piaçabuçu- AL) | 2021 | 11'58''’ Traz as histórias que Linete Matias vem ouvindo desde criança, na esteira da porta de casa. Histórias que fluem como as águas do rio. Histórias e memória de infância que são compartilhadas num repertório de canções, versos e contos.
“Cartas para Julho”, de Michelle Sá (Belo Horizonte/MG) 2020 | 8´35'' Carta para julho é destinada para um certo amor e também oferece uma homenagem ao mês das mulheres negras, latinas, caribenhas e diaspóricas.
CINEMA E AUDIOVISUAL, 03/06, quinta-feira, às 20h - apresentações + bate-papo
No dia 03/06, será exibido “Quebramar”, de Cris Lyra (SP), seguido de bate-papo com as artistas. As demais obras que compõem a categoria de Cinema e Audiovisual serão divulgadas na abertura do festival e ficarão disponíveis para o público durante todo o FAFAN.
“Quebramar”, de Cris Lyra (São Paulo,SP) 2019 | 27’ Classificação: Livre. Jovens lésbicas de São Paulo viajam à praia para passar o ano novo. Lá, constroem refúgio físico e emocional para seus corpos e afetos através da amizade e da música. Nesse ambiente seguro e de cuidados mútuos, podem relaxar.
“República”, de Grace Passô (São Paulo/SP) 2020 | 15’30” Classificação: Livre. Brasil, 2020. A pandemia evidencia a necropolítica que opera no país e a sociedade vive uma crise ética em meio a um governo que é a exata expressão do poder colonialista. República é um curta metragem realizado em casa, com estrutura caseira, durante o início da quarentena de 2020, no centro da cidade de São Paulo, Brasil.
“Pindorama, Terra das Palmeiras”, Videoperformance de Zahra Alencar (São Paulo - SP) | 2020 | 5'48”. Classificação: Livre. E se a invasão europeia à américa nunca tivesse existido? Para os povos originários ameríndios, Pindorama era o nome dado aos limites do que se nomeia Brasil atualmente. “Pindorama” é a possibilidade de uma terra livre da violência colonial.
“à beira do planeta mainha soprou a gente”, de Bruna Barros (Salvador, BA) 2020 | 13'18'' Classificação: Livre
Através de imagens de arquivo pessoal e reflexões sobre ambivalências que se imprimem em relações cheias de amor, o trabalho apresenta recortes de afeto entre duas sapatonas e suas mães.
“Rebu”, de Mayara Santana (Recife, PE) 2020 | 21’ Classificação: 14 anos. Documentário em primeira pessoa que se propõe a investigar dentro da vivência lésbica da diretora, as mais diversas performances de masculinidade, levando em conta seus três últimos relacionamentos e também entrevistas com seu pai.
“Incomensuráveis: uma contra-encenação”, de Nathalia Vieira e Flavi Renata da Silva Lima (São Vicente/ SP) 2020 | 7’ Classificação: Livre. Ilha de Gohayó (São Vicente), 1536, durante a guerra de Iguape um casal planeja incendiar o cartório da cidade. Trechos de cartas da época relatam as mulheres-homens que existiam no lugar.
ARTES CÊNICAS 04/06, sexta, às 20h
“Sapateando com Margarete”, Vídeoarte/perfomance de Natele Peter (Blumenau/SC) 2020 | 10’20’’ Classificação: Livre. Uma mulher negra lésbica com sua palhaça Margarete: uma máscara que dá voz aos questionamentos raciais e de gênero e questiona: o que te faz rir?
“Meu lugar está morrendo e com ele vou junto”, Curta-metragem de Ludmila da Mata (João Pessoa, PB) 2020 | 15’02” Classificação: Livre. A urgência de manifestar os absurdos do território inventado, o Mato Grosso do Sul. Uma visão da infância, lembranças e contrastes que a artista conta o que é ser cria da terra vermelha.
“UMA, OUTRA”, da Breve Cia (Belo Horizonte, MG) 2020 | 15’41” Classificação: 10 anos. As atrizes contam o que fizeram, do momento em que acordaram até o momento em que chegaram para fazer esta cena. Elas são mulheres que se multiplicam em muitas outras. Elas querem falar de amor, de afeto, de memórias.
“TRAVESSIA” Vídeo-performance de Sabrina Rauta (Terreiro da Dona Fininha Pereira - BH/ MG) 2018 | 5’45” Classificação: 16 A proposta desse vídeo-performance é trazer o retorno ritualístico, feito por matriarcas.
“Safo de Lesbos - áudio-cena”, de Arami Marschner e Denise Leal (Dourados, MS) 2021 | 15’ Classificação: Livre. Duas atrizes sapatonas, “enquarentenadas”, procurando desesperadamente se expressar. Encontram na experimentação sonora-cênica-criativa-combativa espaço para despejar nosso desespero criativo.
“CONSELHEIRA - experimento 1”, de Ju Abreu (Belo Horizonte, MG) 2020 | 21’ Classificação: Livre. Adaptação audiovisual do espetáculo-palestra da atriz e mãe Ju Abreu, realizado pela Companhia Toda Deseo. O trabalho traz inquietações de uma mulher às voltas com seu trabalho e com o tempo dedicado ao "ser mãe".
“Ações sem um léxico de liberdade”, Vídeo-performance de Idylla Silmarovi (Belo Horizonte/ MG) 2020 | 25’ Classificação: 14. Uma artista em casa. Palavras se convertem em ação, traduz afetos. Leituras em dias de isolamento, uma estratégia híbrida para lidar com as ausências. Poesias visuais do instante.
OFICINAS E ENCERRAMENTO 05/06, sábado
Será dedicado a oficinas, já com inscrições encerradas, e Live de encerramento com as Fanchecléticas.