Com a crescente popularização de slam’s, saraus e rodas de poesia, jovens poetas têm conquistado cada vez mais espaço na cena literária brasileira. E para potencializar as reflexões trazidas pelas experiências da poesia falada, Belo Horizonte vai sediar, de 19 a 21 de agosto, o 1º Festival da Voz e Poesia Falada, que reunirá artistas e poetas de diferentes lugares do Brasil. Com transmissão gratuita pelo YouTube, o evento vai transportar para o mundo virtual, toda a oralidade da tradicional RodaBH de Poesia, com apresentações, bate-papos, mostra de videopoemas e muito mais. Tudo isso, com tradução simultânea em Libras.
Com destaque para a Poesia Falada, Sonora e Videopoema, o festival trará para o centro da discussão uma das principais tradições da poesia no mundo: a oralidade. “A poesia quando surge no mundo, surge sendo dita em espaços coletivos, com a presença de outras pessoas e ligada à música”, destaca a poeta mineira Nívea Sabino. Ela, que já foi jurada do Prêmio Jabuti, divide a curadoria do evento com o poeta sergipano Pedro Bomba.
Na avaliação de Pedro Bomba, os movimentos contemporâneos de poesia falada provocaram, à literatura brasileira, um reencontro com a tradição poética. “Os slams, saraus e rodas de poesia retomaram uma das coisas mais importantes da literatura: a construção de espaços coletivos de recepção da poesia. Hoje, em quase toda cidade brasileira, há um sarau ou slam reunindo jovens, adultos, crianças e idosos ao redor da poesia e da literatura”, destaca o curador que, ao lado de Nívea Sabino, Juliana Pacheco e Luana Costa, promovem o Festival.
O grupo coordena o movimento RodaBH de Poesia, que virou uma tradição por juntar artistas de diferentes linguagens ao redor de uma grande mesa de bar na capital mineira, onde, a cada momento, alguém se levanta e apresenta seu poema, música, texto ou performance. O projeto foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte e, com a pandemia, enquanto ainda não é possível realizá-lo no formato original – , o Festival se consolida como um espaço de reflexão.
Com o tema “Literatura pela Boca”, a abertura acontecerá no dia 19 de agosto (quinta-feira), às 20h. A mesa será conduzida pela artista, professora da UFMG e pesquisadora de performances e ritos, Leda Maria Martins (MG), junto com a filósofa Abigail Campos Leal, uma das organizadoras do Slam Marginália - uma batalha de poesias feita por e para pessoas trans.
No dia 20 (sexta-feira), o Festival fará o encontro da poeta e atriz Luiza Romão (SP), do ator, poeta e roteirista Uirá dos Reis (CE) e do professor e artista Lucio Agra (BA), na mesa sobre“Voz, Corpo e Poesia Sonora”. No dia 21 (sábado), às 12h, o Festival apresenta um encontro de gerações entre a multiartista e chef de cozinha Zora Santos com Filipe Thales, fundador do projeto Viva Lagoinha. Na mesa “Cozinha, Quintal e Oralidade”, os convidados conversarão sobre as histórias e saberes aprendidos no ambiente da casa através de conhecimentos passados de geração para geração.
Mostra Olho de Boca de Videopoesia
Como uma importante aliada aos poetas contemporâneos, a Videopoesia tem se consolidado em diferentes lugares do mundo através de festivais e exibições públicas de videopoemas. Pensando nisso, o 1º Festival da Voz e Poesia Falada de BH tornará pública no dia 4 de agosto, a Chamada Olho de Boca de Videopoesia, que vai selecionar quatro videopoemas que serão exibidos no dia 21 de agosto, às 18h, como parte da programação do Festival.
A chamada é aberta a todo o Brasil e as inscrições podem ser feitas através de link disponível na bio do Instragram da @rodabhdepoesia. As pessoas selecionadas receberão uma premiação no valor de R$ 300 reais e participarão de roda de conversa após a exibição.
O encerramento do Festival ficará por conta da edição especial online da RodaBH de Poesia, que trará ao público a voz e a potência de Karine Bassi, Isabella Alves, Elzelina Dóris, Coral, Fellipe Belluk, Eneída Baraúna, Pedro Bomba e Nívea Sabino.