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Pianista mineiro Davi Fonseca apresenta novas composições em live ‘na Gruta’

Gruta! espaço de arte

Pianista mineiro Davi Fonseca apresenta novas composições em live ‘na Gruta’

Evento encerrado
  • Gratuito

Data

02/07/21 até 02/07/21

Sex | 23:00 - 01:00


Créditos da imagem: Ciro Thielmann

Talento contemporâneo da música instrumental mineira, Davi Fonseca é um dos destaques de julho da programação online e gratuita da Gruta, espaço icônico do underground de Belo Horizonte. Nesta sexta-feira (2), a partir das 21h, o pianista, compositor e arranjador estrela a “Noite Para Ver Sentado”, mistura de pocket show e bate-papo com o ator e cantor Marcelo Veronez, um dos gestores da casa. Na live, que será transmitida ao vivo no Zoom e no YouTube, Davi Fonseca apresentará músicas novas e faixas de seu primeiro disco, “Piramba” (2019), além de falar um pouco sobre suas composições, reconhecidas por títulos como o Prêmio BDMG Instrumental, em 2018.

O pianista conta que foi convidado para a edição deste ano do “Música Nova”, programa de comissionamento de composições do Savassi Festival, o que resultou em trabalhos frescos. “Eles me encomendaram três músicas novas. Então, formei uma banda nova, diferente do meu primeiro disco, e fiz os arranjos para este projeto. Na live, pretendo falar deste repertório novo, sobre a possibilidade de transformá-lo em um disco. E, claro, tocar as músicas novas e algumas do primeiro disco”, afirma o músico, que não vê a hora de matar as saudades de Marcelo Veronez, ainda que virtualmente. “Somos amigos de longa data. Gravei os teclados em seu disco, ‘Narciso Deu Um Grito’. Também quero saber o que ele anda aprontando”, diz.

O artista mineiro guarda com a Gruta uma relação de muito afeto, que começou anos atrás. “Já toquei na Gruta várias vezes, já trabalhei no bar, fui DJ, virei várias noites dançando e vendo os amigos tocar. Quando fiz a trilha sonora do espetáculo ‘Nossa Senhora do Horto’, da Toda Deseo (coletivo cênico cujos integrantes também atuam na gestão do espaço), ficamos muito íntimos da região. E a Gruta teve um papel muito importante”, relembra o músico. “Eu toquei na vaquinha online e, agora, nesta programação. Estou dentro, sempre. Presencialmente ou pela internet. Mas, claro, que estou doido para voltar ao calor daquele inferninho”.

Quem também tem história com a Gruta é Naroca, que se apresenta como DJ no dia 17 de julho, a partir das 21h. Figura presente da cena carnavalesca de BH, a artista é percussionista e criadora dos blocos Chama o Síndico e Sagrada Profana – que também já tiveram a Gruta como espaço cativo para oficinas e ensaios. Mas é como DJ, principalmente das festas Geleia Geral Brasileira e Baixo Ventre, que Naroca encontrou morada no espaço. “É como aquelas amizades boas, que você não sabe como começou, só que aconteceu e que ficou forte. Muita história para contar”, diz.

Naroca ressalta a importância da Gruta no cenário cultural de Belo Horizonte e a necessidade de o espaço continuar subsistindo. “É um lugar que inspira e transpira diversidade. De corpos, de gêneros, de raças. Um espaço democrático, que sempre trabalha com preços populares, com uma programação muito ampla e heterogênea”, pontua. “Acho o projeto da programação online incrível, porque a Gruta tem que resistir. Além disso, esses eventos virtuais são oportunidades de rever pessoas queridas neste momento”, completa a artista, que prepara uma discotecagem dançante e cheia de novidades.

A programação da Gruta Online em julho traz duas edições da “Agenda Trevosa” da Wanira Vampira – Wagner Alves, artista, performer e um dos gestores da Gruta. A ideia é promover conversas sobre filmes de terror com convidados especiais, sempre com tradução em libras, transpondo para o virtual os papos com Wanira que aconteciam na Gruta, antes da pandemia, às segundas-feiras. Em julho, o tema são os “Desnecessáurios”, filmes variados que nem são classificados como terror, mas, segundo Wanira, “são de uma crueldade tão grande que talvez fosse melhor nem os ter visto”. No dia 5, a artista faz a live de apresentação e, no dia 19, recebe o psicólogo e entusiasta de “papos furados” Felipe Fera para debater as “Mídias Atormentadas”.

Sobre a programação

A programação online da Gruta começou em abril e vai até agosto deste ano, visando resistir aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. Aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, o projeto contempla a realização de apresentações musicais, bate-papos, festas com DJs e ações cênicas. Todas as atrações serão exibidas ao vivo no Zoom e no YouTube, e os links estão no Linktree, na bio do Instagram da Gruta.

A estreia, em abril, foi com o pocket show da cantora e compositora Adrianna e a discotecagem da veterana Black Josie. Em maio, foi a vez da cantora e compositora Milena Torres e da DJ Fredonna. Já, em junho, se apresentaram a cantora e compositora Josy.anne e a DJ Fê Linz. A dobradinha entre as “Noites Para Ver Sentado” e as festas com discotecagem se repete no último mês, com a cantora e compositora “brachilena” Claudia Manzo e a DJ Shaitemi Muganga. Segundo Marcelo Veronez, a curadoria foi pensada, principalmente, com base no afeto e na parceria.

“Pensamos em convidar alguns artistas que estiveram ao nosso lado durante a campanha de financiamento, que doaram seus trabalhos em apresentações online e que tenham facilidade em trabalhar de casa. Por isso dividimos a programação entre dez eventos: cinco noites com DJs, que vão escolher um tema e tocar músicas sobre este universo durante uma hora, como um programa de rádio; e cinco noites com artistas da música”, conta o artista, que apresentará os pocket shows, comandando um bate-papo sobre os processos criativos com os convidados.

A pandemia da Covid-19 acelerou um processo de desmonte dos espaços culturais independentes em BH e várias casas tiveram que encerrar suas atividades. Para não entregar os pontos, outros tantos espaços buscaram alternativas, como no caso da Gruta, que realizou uma campanha de financiamento coletivo visando a manutenção dos custos mensais. “Num primeiro momento, a gente pensou bastante em desistir. Mas, com a ajuda e a mobilização das pessoas, conseguimos reverter minimamente o quadro. Deu muito trabalho, mas também um gás enorme para continuar”, relembra Veronez, ressaltando que o coletivo cênico Toda Deseo também faz parte da gestão.

A arte resiste

Com a continuidade da pandemia, os desafios também persistiram. Daí, surgiu o projeto aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, parceria com a Através Cultura, do produtor Leonardo Beltrão. “O projeto inicial previa o pagamento das contas mensais do espaço físico, um prolabore mínimo para a equipe envolvida nas atividades e o funcionamento da Gruta num formato mais seguro e tranquilo para todos”, conta Veronez, lembrando que o texto, escrito em maio de 2020, teve que ser readequado para o formato virtual, em função do agravamento das condições sanitárias na cidade. “Não vou mentir, foi bem decepcionante. Afinal, acreditávamos que estaríamos em uma situação melhor, e não num momento ainda mais terrível. E o online realmente não é tanto nossa praia, gostamos é da Gruta lotada. Mas estamos programando o melhor que conseguimos para este desafio”, completa.

Enquanto os encontros ainda seguem como uma perspectiva futura, o coletivo também aproveita o tempo para “arrumar a casa” para o tão aguardado retorno. “Agora, estamos trocando o telhado. Era um sonho de muitos anos, já que o espaço onde a Gruta funciona é antigo e tanto a laje quanto o telhado já estavam numa situação bem ruim. Através das garantias oferecidas pelo projeto, conseguimos que a imobiliária e a proprietária se responsabilizassem pela reforma. Um passo adiante para receber as pessoas com mais segurança e conforto”.

Este projeto (0691/2020) é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Sobre a Gruta

Localizada na Rua Pitangui, ao lado do Galpão Cine Horto, Zona Leste da capital mineira, a Gruta é um espaço cultural independente que funciona, desde 2001, como ponto de convergência entre artistas de diferentes linguagens da cidade. O lugar surgiu como local de ensaios de grupos teatrais e, ao longo dos anos, se reconfigurou por diversas vezes, assumindo também o caráter de casa para pequenos shows e espetáculos, e espaço de festas.

Autogestionado, se mantém como uma referência fundamental para a promoção da experimentação artística e de um espaço livre e diverso, que acolhe criações e debates que incluem as pautas feminista, LGBTQI+ e antirracista, entre outras. Foi administrado de forma aguerrida durante muitos anos por Joyce Malta e Admar Fernandes e, atualmente, é gerido por Marcelo Veronez, Wanira (Wagner Alves), Juliana Abreu e Akner Gustavson (Toda Deseo).


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