De 20
de novembro a 7 de dezembro, sempre às 19h, o espetáculo Sigo de Volta, ganha
sessões on-line e gratuitas com transmissão pelo Youtube da Complementar Produções. Voltada para crianças e adolescentes, a peça trata da relação dos
jovens com as tecnologias de comunicação, em especial, as redes sociais. O
texto é de Ana Paula Anderson com direção de Leticia Cannavale.
A
montagem apresenta a história de duas irmãs, de diferentes mundos, choques e
faíscas. Giovana (Isabella Moreira) tem passado seus dias imersa num jogo de
realidade virtual enquanto Úrsula (Rafaela Ferreira) está fazendo uma longa
viagem de bicicleta. Quando elas se encontram virtualmente, após os embates
iniciais, cada uma vai se deixando seduzir pelo universo da outra, o diálogo
flui e as irmãs elaboram uma experiência em comum.
Sigo
de Volta foi criado para estrear no palco, presencialmente. Essa ideia não foi
descartada, mas, neste momento de pandemia, a equipe decidiu apresentar o
espetáculo de maneira online. A dramaturga Ana Paula Anderson adaptou o texto,
que segundo ela, é essencialmente sobre a habilidade de conversar.
“Passamos
por outros temas, também: a performance de si no mundo virtual, o desejo por
conexões genuínas com outras pessoas e com o próprio coração, a descoberta do
corpo, as limitações impostas aos corpos femininos de experimentarem o mundo
livremente. Mas na base de tudo está a necessidade de se aprender a correr os
riscos de uma conversa não mediada por telas, onde não podemos controlar como
aparecemos para o outro”, conta Ana Paula.
A
dramaturga cita, ainda, a psicóloga norte-americana Sherry Turkle, que pesquisa
cultura digital há mais de 30 anos e tem um estudo sobre o poder da conversa
para a formação dos jovens em termos de autoconhecimento, empatia,
criatividade, capacidade cognitiva e valorização da democracia. “Parece óbvio
afirmar que saber conversar é importante para cultivar tudo isso, mas
aparentemente não é - e essa questão é ainda mais urgente desde que a pandemia
exacerbou nossas interações no mundo virtual. Como os mais jovens podem se exercitar
em conversas espontâneas, em debates ao vivo, em sustentar serem o que são se o
tempo todo podem editar o que dizem e como aparecem? ”, completa.