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Por dentro dos blocos de BH: conheça o ClandesTinas, feito por mulheres de luta

Bloco da Casa Tina Martins combate violência de gênero em cortejo que enaltece a união feminina



Créditos da imagem: Mayara Franco/Divulgação
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Bloco feminista investe na poderosa união entre mulheres para fazer carnaval com mensagem, sem perder diversão
Bossuet Alvim
07/02/23 às 17:27
Atualizado em 09/02/23 às 13:44

Desde a retomada do carnaval de rua em BH, é comum ouvir nos cortejos ou pelo caminho que se percorre entre eles a expressão "carnaval de luta". O bloco ClandesTinas é uma das razões para a frase existir – feito por mulheres para representar a batalha contra a violência de gênero, nasceu dentro de movimentos sociais e é formado por apoiadoras da Casa Tina Martins, a primeira ocupação feminista da América Latina. Elas saem às ruas com a bateria neste sábado (11/2) para reafirmar a presença das mulheres nos espaços públicos e sua participação fundamental na construção de uma sociedade mais justa. Trata-se de exaltar o poder da transformação que existe nessa união entre elas, mas o cortejo serve também para divulgar o trabalho da Casa e a mensagem do movimento – que preza por acolhimento, ajuda mútua e posicionamento político.

O repertório do ClandesTinas confirma seu engajamento político com canções que tratam do combate ao machismo e à violência de gênero, além de faixas que valorizem de alguma forma a luta feminina. O desfile deste ano presta tributo ao legado de mulheres artistas que fizeram história na cena musical brasileira, como Gal Costa, Elza Soares e Marília Mendonça. Na formação, o bloco traz a cantora e compositora Amorina como vocalista, Júlia Nascimento na guitarra, Brenda Vieira no baixo, Joy Pinho nos vocais, Juju Britto na regência e percussão e Bella Tymburibá na regência, percussão e direção musical. 

O bloco nasceu em 2017, quando a Casa de Referência da Mulher Tina Martins completava um ano de existência, e teve os primeiros passos apoiados por outro bloco feito por mulheres e para mulheres, o Bruta Flor. Desde o início, o combate ao sexismo durante a folia é um dos motes do ClandesTinas, que assinou a campanha #carnavalsemassédio na capital. O último desfile, em 2020, puxou 3 mil foliões pelas ruas do baixo Centro, tocando canções que denunciam a realidade das mulheres no Brasil. Neste carnaval, o ClandesTinas se concentra em 11/02 às 15h na Rua da Bahia, 19 - Centro.

Mulheres de luta

A Casa Tina Martins foi fundada em 2016, quando integrantes do Movimento de Mulheres Olga Benário mobilizaram mulheres e pessoas não-binárias para uma série de protestos em BH. O movimento exigia das autoridades a criação de mais políticas públicas para o combate à violência doméstica, expansão da rede de delegacias especializadas no atendimento a estes casos e mais casas de abrigo para as mulheres envolvidas. 

Sobre esta última pauta, na missão de atender à necessidade de acolhimento para quem não podia esperar indefinidamente por decisões dos poderes públicos, o movimento ocupou um imóvel na Rua Guaicurus, no Centro. Após muitos dias de resistência às tentativas de desmobilização e desocupação, o projeto acabou se mudando para a Rua Paraíba, onde funciona até hoje. Lá, as mulheres que viveram situações de violência recebem suporte e acolhimento, formação sócio-política e encaminhamentos aos atendimentos necessários na rede de serviços públicos, tanto em saúde quanto nas questões judiciais. O trabalho é mantido com ajuda de voluntárias.

ClandesTinas 
Desfile em 11/02 a partir das 15h | Concentração: Rua da Bahia, 19 - Centro | Dispersão: Av. Santos Dumont, 167 - Centro
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