Belo Horizonte inaugura primeiras estátuas em homenagem a pessoas negras
Lélia Gonzalez e Carolina Maria de Jesus ganham obras de bronze, em tamanho real, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti
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Belo Horizonte inaugurou no último domingo (30 de junho) as primeiras estátuas de mulheres negras na cidade. As homenageadas são a antropóloga e filósofa Lélia Gonzalez e a escritora Carolina Maria de Jesus, figuras emblemáticas na luta por igualdade racial e social no Brasil.
As obras de bronze, em tamanho real, foram criadas pelo artista plástico Léo Santana e instaladas no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em frente ao Teatro Francisco Nunes, no Centro de BH. A iniciativa, idealizada pela mestre em relações raciais Etiene Martins, busca preservar a memória e o legado de duas mulheres que marcaram profundamente a história e a cultura brasileira.
Integração ao Circuito Literário
As esculturas de Lélia Gonzalez e Carolina Maria de Jesus passam a integrar o Circuito Literário, que reúne estátuas de importantes escritores mineiros, como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Henriqueta Lisboa, Roberto Drummond e Murilo Rubião.
Quem foi Carolina Maria de Jesus?
Carolina Maria de Jesus, catadora de papelão e escritora, é considerada uma das autoras mais importantes da literatura brasileira. Seu livro "Quarto de Despejo", lançado na década de 60, retrata com maestria a dura realidade das favelas e se tornou um clássico da literatura nacional, vendendo cerca de 3 milhões de exemplares em 16 idiomas. Além de escritora,Carolina também era cantora, compositora, dramaturga e artista têxtil. Sua obra, permeada por uma linguagem crua e autêntica, denuncia as desigualdades sociais e raciais e a marginalização das comunidades periféricas, tornando-a uma voz fundamental para a compreensão da sociedade brasileira.
Quem foi Lélia Gonzalez?
Lélia Gonzalez, intelectual, ativista, professora, antropóloga e filósofa, foi uma das principais vozes do feminismo negro no Brasil. Sua atuação na luta contra o racismo e a discriminação racial foi fundamental para o fortalecimento do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial. Autora de obras como "Lugar de negro" e "Mulher negra: um retrato", Lélia Gonzalez se destacou por sua análise interseccional da sociedade, abordando as questões de raça, gênero e classe de forma crítica e inovadora. Seus trabalhos abriram caminho para importantes debates sobre a identidade negra e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.