Canção integra “Bença”, primeiro trabalho solo da compositora e artista mineira, que realizou sozinha todas as etapas da gravação e da produção do EP
A trilogia de singles “Bença”, da compositora Camila Menezes, ganha mais forma com o lançamento de “Louvação à (minha) mãe” nas plataformas digitais, nesta quinta-feira (24). Se a multiartista mineira discute a relação entre os humanos e o planeta em “AzulAmarelo” – faixa de estreia, lançada há uma semana–, nesta segunda música propõe uma reflexão poética sobre “as tecnologias corpóreas do gerar e do nascer”.
Outro ponto crucial do trabalho é o fato de ter sido inteiramente construído por Camila: além das composições, ela responde por arranjo, gravação (vozes e instrumentos), mixagem e masterização. Intitulada “Para-ti”, a última faixa será lançada na próxima terça-feira (29) fechando a tríade musical.
Para o arranjo de “Louvação à (minha) mãe”, Camila Menezes atingiu outras proporções em termos de produção musical ao executar e mixar todos os instrumentos de um bloco de maracatu. A multiartista foi além e resgatou o Mellotron, um dos primeiros instrumentos usados como sampleador, para fazer o som das flautas. O resultado é uma música alegre, simples e aconchegante, tal como abraço de mãe. “Estou passando a pandemia com a minha mãe. Estamos só nós duas, isoladas, desde março de 2020. E tem sido uma experiência incrível. Minha mãe é uma pessoa extraordinária. Brinco que é um anjo da guarda disfarçado de gente. Aprendo muito com ela”, conta Camila, conhecida também por seu trabalho como baixista e compositora das bandas Tutu com Tacacá e Dolores 602 – grupo de indie pop formado por musicistas em Belo Horizonte, que ganhou oito prêmios em festivais com composições assinadas por ela.
De acordo com a multiartista, a relação com sua mãe, com quem tem compartilhado morada nestes tempos de crise sanitária, foi a mola propulsora para as primeiras linhas da segunda música de “Bença”. “Quando estava fazendo o arranjo de ‘AzulAmarelo’, aconteceu uma coisa engraçada. Eu ia tomar banho, entrava no box e vinha na minha cabeça: ‘a mãe é um portal’. Fiquei pensando: ‘e se isso virasse uma música? Ou um refrão?’. Então, comecei a pensar sobre o fio-condutor do trabalho. Essa coisa de quem sou, onde estou, para onde vou. Sentei e escrevi uma estrofe sobre minha mãe, que se chama Rosa: ‘Minha mãe é uma rosa / Minha mãe é uma flor / Ela é toda tão formosa / Ela é feita de amor’”, relembra Camila.
A partir daí, surgiu também a vontade de expandir a reflexão sobre o corpo como portal para além de sua própria mãe, reconhecendo e agradecendo pessoas que decidem tornar-se passagem para outras vidas. Poeticamente, mas sem romantizações ou demagogias. “Por enquanto, não penso em ter filhos. Mas respeito quem tem, porque é uma decisão muito corajosa. Não romantizo a maternidade, de forma alguma, mas acho uma coisa incrível. Algo muito tecnológico, já que a única forma de acessar esta realidade física é através de uma outra pessoa. Não tem outro meio de transporte”, reflete Camila. “Então, fiz outra estrofe, que generaliza a questão. ‘Se você tá neste mundo / Se você tá neste chão / Reconheça a coragem / De quem se tornou passagem / Pra nascer um coração’. É isso, uma louvação. Reconhecer e agradecer”.
Sobre Camila Menezes
Camila Menezes é multi-instrumentista, compositora, arranjadora, maestrina e produtora musical. Artista atuante da efervescente cena musical de Belo Horizonte, integra a banda de indie pop Dolores 602, com a qual conquistou, por suas composições, oito premiações em festivais. Versátil, também participa da banda Tutu com Tacacá, que funde ritmos mineiros e do Norte, como o carimbó. A mineira também toca baixo na banda da cantora Marina Machado e é, desde 2012, maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz (Sabará/MG), que vai do tango ao folk, passando pelo fado e pelas músicas regionais brasileiras. Psicóloga de formação, mestra em Psicologia Social, também leciona Canto Coral na Associação Querubins e dá aulas particulares de violão, baixo e ukulele.
A gravação do EP ”Bença”, de Camila Menezes, é realizada com o apoio do Ministério do Turismo e do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Lei Emergencial Aldir Blanc – conquistada com a luta e a articulação de quem acredita que a cultura é fundamental.
Link para a faixa as plataformas digitais | tratore.ffm.to/louvacaoaminhamae