A icônica capa de “Clube da Esquina” mostra Cacau e Tonho, garotos fotografados em Nova Friburgo, símbolo da ruralidade do álbum
A capa de “Clube da Esquina” acompanha faixas icônicas como “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, símbolos da criatividade de Milton Nascimento e Lô Borges
Lançado em março de 1972, o álbum “Clube da Esquina” transformou a música brasileira. Criado pela parceria entre Milton Nascimento e Lô Borges, o álbum duplo mistura MPB, jazz, rock, psicodelia e elementos clássicos, criando uma sonoridade única que até hoje influencia artistas de diferentes gerações.
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A icônica capa do álbum mostra dois meninos em uma estrada de terra. Durante décadas, muitos acreditaram que fossem Milton e Lô quando crianças. No entanto, eles eram Antônio Carlos Rosa de Oliveira (Cacau) e José Antônio Rimes (Tonho), fotografados perto de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro.
O fotógrafo Carlos da Silva Assunção Filho (Cafi) queria mostrar a ruralidade e simplicidade do Clube da Esquina. Ele parou o carro ao ver os meninos, fotografou da janela e seguiu viagem. A imagem se tornou um símbolo da música brasileira, mesmo que Cacau e Tonho só descobrissem sua participação 40 anos depois, em 2012.
O álbum nasceu da gravação realizada em novembro de 1971, em Piratininga, Niterói, e no Odeon Studios, Rio de Janeiro, com a colaboração do coletivo musical Clube da Esquina. Enquanto Milton e Lô exploravam melodias, Márcio Borges e Fernando Brant escreviam as letras. Além disso, músicos como Toninho Horta criavam arranjos inovadores, trazendo diversidade e originalidade às composições.
Embora críticos tenham considerado o álbum “pobre e descartável” na época, o trabalho conquistou sucesso comercial e, com o tempo, recebeu reconhecimento tardio da crítica. Hoje, o álbum figura entre os melhores de todos os tempos, segundo publicações como Rolling Stone e Paste.
O título do álbum e a capa têm histórias curiosas. Embora a foto tenha sido tirada no Rio de Janeiro, “Clube da Esquina” faz referência à esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte, local de encontro do grupo de amigos e músicos.
O legado do álbum vai muito além da música. Em 2022, o podcast Discoteca Básica elegeu “Clube da Esquina” o Maior Álbum Brasileiro de Todos os Tempos. Artistas contemporâneos, como Djonga, homenagearam o disco em 2017 ao parodiar a capa em seu álbum de estreia.
Com faixas inesquecíveis como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Nada Será Como Antes”, o álbum mostra a criatividade e ousadia de Milton Nascimento e Lô Borges. Assim, mesmo 50 anos depois, o Clube da Esquina continua sendo um símbolo de inovação e liberdade musical no Brasil.