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Com foco nos artistas locais, 2ª etapa do Circuito Municipal de Cultura terá investimento de R$ 2,2 milhões

Programação inclui debate, apresentação de danças tradicionais e exibição de vídeos em que se valoriza a gastronomia dos festejos populares



Créditos da imagem: Renca Produções
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O primeiro vídeo da série “Histórias de Alimentar a Alma”, que será lançado no dia 21, às 18h, apresenta a história de Dona Helena e sua ligação com o Grupo Pipoca Doce e com a receita da canjica de São João
Redação Sou BH
13/07/21 às 10:33
Atualizado em 13/07/21 às 10:42

A segunda etapa do Circuito Municipal de Cultura, que segue com o objetivo de promover a produção artística da capital em todos os seus territórios e manifestações, começa nesta terça-feira (13), a partir das 19h. Para abrir as atividades, a cultura popular ganha destaque no debate “CulturasPopulares - Tradição e Contemporaneidade”, que busca refletir sobre o tema em suas diversas manifestações, incluindo, entre outras, gastronomia, dança, história e patrimônio de Belo Horizonte.

Participam do encontro a jornalista, pesquisadora e coordenadora do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado, Rosália Diogo; Kelma Zenaide, idealizadora de projeto com foco em culinária afro-brasileira; o coreógrafo e bailarino Evandro Passos; e o historiador e coordenador da Política de Patrimônio Imaterial, da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura, Álan Pires, que atuará como mediador.

“As culturas populares tradicionais são fundamentais na construção das identidades culturais brasileiras e, em Belo Horizonte, é possível compreender como essas manifestações dizem muito sobre os territórios da cidade. Como o Circuito Municipal de Cultura tem essa atuação nas nove regionais da cidade, com esse olhar atento para a produção cultural, e agora, especialmente, com um olhar ainda mais específico para as condições de produção desses agentes culturais locais, por conta da pandemia, entendemos como as culturas populares são de fato estruturantes para a criação, construção e realização de toda essa diversidade artística da cidade”, contextualiza Aline Vila Real,  diretora de Promoção das Artes da Fundação Municipal de Cultura.

Lançado em dezembro de 2019, o Circuito Municipal de Cultura é um projeto estratégico da Prefeitura de Belo Horizonte, e mantém, nesta nova etapa, o compromisso de oferecer programação cultural de qualidade, com atrações gratuitas e para todas as faixas etárias. O Circuito já realizou 329 apresentações, alcançando um público de mais de 635 mil pessoas, e contou com a participação de mais de 1.748 trabalhadores, entre artistas, mestres da cultura popular, produtores e técnicos, reforçando seu importante papel de fomento, principalmente no período da pandemia de Covid-19.

Secretária Municipal de Cultura e presidenta interina da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin ressalta que, do lançamento até aqui, o projeto cresceu e se consolidou como uma importante plataforma de valorização especialmente da produção cultural de Belo Horizonte, se destacando pela abrangência das linguagens artísticas que contempla e por atender a cidade como um todo.

“Assim como todos os demais projetos da Cultura, o Circuito precisou se reinventar diante da pandemia, buscando novos formatos de programação e de alcançar o público. Se, por um lado, tivemos os muitos desafios que surgiram com a impossibilidade do encontro presencial, por outro, a potente programação ofertada derrubou as barreiras geográficas e levou nossos artistas a outras cidades, estados e até países”, afirma.

A secretária destaca que, para esta nova etapa, a Prefeitura está investindo R$ 2,2 milhões para a realização do Circuito, recurso que impactará positivamente toda a produção cultural de Belo Horizonte, desde artistas até os técnicos dos bastidores, se somando às diversas iniciativas de fomento e valorização da cultura que estão em curso na Secretaria e na Fundação Municipal de Cultura.

A programação segue no formato digital e será transmitida a partir do canal da Fundação Municipal de Cultura no YouTube, pelo site e pelas páginas do Circuito Municipal de Cultura no Instagram e no Facebook.

 De acordo com Juliana Sevaybricker, presidente do Centro de Intercâmbio e Referência Cultural (CIRC), a expectativa é ampliar e qualificar ainda mais esse atendimento à classe artística. “Com uma programação que, ainda em grande parte, será virtual. Passamos por um aprendizado e por uma experimentação para essa criação no on-line, descobrindo um novo jeito de fazer arte, em que o encontro tem que passar pela tela, mas que, ao mesmo tempo, nos traz possibilidades de conexões que seriam mais complexas no presencial. Hoje, temos ainda mais conhecimento das ferramentas, tanto os artistas como nós, e temos a certeza de que vamos qualificar ainda mais a entrega dessa programação”, analisa Juliana Sevaybricker, coordenadora geral do projeto.

“Histórias de Alimentar a Alma”

A série “Histórias de Alimentar a Alma” é uma das ações do projeto Territórios Culturais - que visa ampliar as ações do Circuito Municipal de Cultura nas nove regionais de Belo Horizonte e promover a valorização dos artistas locais nas mais variadas linguagens contemporâneas e tradicionais. Nesta segunda edição, ao longo de oito episódios, a série irá mostrar diversas histórias e receitas que estão diretamente ligadas à culinária dos festejos populares e tradicionais.

O primeiro vídeo da série, que será lançado no dia 21, às 18h, apresenta a história de Dona Helena e sua ligação com o Grupo Pipoca Doce e com a receita da canjica de São João. Criada em 2007, a quadrilha Pipoca Doce nasceu no Morro das Pedras, na região Oeste de Belo Horizonte. Foi a grande campeã do grupo especial do Arraial de Belo Horizonte em 2019.

Todos os integrantes têm suas famílias ligadas indiretamente ao grupo, e é neste contexto que entra dona Helena, mãe do diretor artístico Igor Paulo. Além de uma excelente cozinheira, a integração de Helena com o mundo junino vem de berço. Ainda jovem, seu pai, João Paulo, junto com sua mãe, Iolanda Gomes, promoviam gratuitamente no bairro onde moravam a canjica de São João, o que fez com que Helena criasse uma forte relação com a culinária tradicional junina. Neste episódio, Dona Helena apresenta um pouco dessa história e ensina a receita tradicional que faz parte da biografia de sua família.

No segundo episódio, quem entra em cena é o caruru de Vunji (São Cosme e Damião), receita que será apresentada por  Makota Cássia  e Luan, da Comunidade Religiosa e Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango. O vídeo vai ao ar no dia 28, às 18h. O prato - feito com ingredientes como quiabo picado, camarão seco, frango, temperos, entre outros - é oferecido em homenagem aos orixás protetores das crianças e é uma das tradições que demonstram como a cultura quilombola se preservou dentro do terreiro.

Danças tradicionais são atração do “Terça da Dança”

A conexão entre o tradicional e o virtual poderá ser vista nas apresentações do projeto “Terça da Dança” que, nesta temporada, privilegia as danças populares e tradicionais, muitas vezes longe dos holofotes e, ao mesmo tempo, tão fundamentais para a identidade cultural dos territórios da cidade.

Quem inaugura a programação, no dia 27, às 19h, é o grupo Quadrilha Pé de Serra, com vasta trajetória nas tradições juninas.

Criada com o objetivo de arrecadar alimentos para o centro de menores do bairro Betânia, na década de 90, a Quadrilha Pé de Serra se profissionalizou ao longo dos anos e iniciou sua participação em competições maiores a partir de 2002. O grupo é um dos raros a conseguir subir do grupo C para o grupo especial na competição do Arraial de Belo Horizonte.

 No dia 10 de agosto, também às 19h, os Arturos entram em cena. A Comunidade Quilombola dos Arturos, criada no século XIX e um dos mais importantes símbolos de resistência da cultura negra em Minas Gerais, mantém viva a tradição do congado e compartilha seus passos, ritmos e movimentos no Terça da Dança. Os Arturos reúnem atualmente cerca de 500 descendentes e agregados do casal Arthur Camilo Silvério (filho de escravos) e Carmelinda Maria da Silva, em uma propriedade rural localizada na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.