Cultura

15 de novembro: como BH e o Palácio da Liberdade nasceram simbolizando a República

Capital mineira e seu Palácio da Liberdade foram projetados para encarnar os ideais de ordem, progresso e modernidade do regime republicano


Créditos da imagem: Reprodução/Pexels
Palácio foi projetado pelo arquiteto José de Magalhães Palácio foi projetado pelo arquiteto José de Magalhães

Mariana Cardoso Carvalho

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15/11/25 às 07:00
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Neste dia 15 de novembro, que marca Proclamação da República do Brasil, Belo Horizonte também tem motivos para lembrar o quanto sua própria história se entrelaça com esse momento político. A capital mineira foi concebida como um símbolo do novo regime, refletindo em seu traçado urbano e em suas construções, em especial no Palácio da Liberdade, os valores que orientaram a transição do Império para a República.


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Após 1889, a elite política de Minas Gerais via na criação de uma nova capital a chance de reorganizar o Estado sob um ideal moderno e republicano. Ouro Preto, com suas ladeiras coloniais e lembranças do período monárquico, parecia representar o passado. Era preciso um novo centro administrativo, racional e planejado. Uma cidade feita para o futuro.

Assim nasceu Belo Horizonte, erguida sobre os escombros do antigo arraial do Curral Del Rei. A destruição do vilarejo simbolizava o rompimento com o velho regime e o início de uma era em que a ordem e o progresso, lemas positivistas adotados pela República, se traduziriam em linhas retas, avenidas largas e quarteirões geométricos. O projeto urbanístico, inspirado em cidades modernas da época, expressava o desejo de controle e racionalidade, princípios que guiavam a construção de uma nação “civilizada”.

No coração desse novo plano urbano, surgia o Palácio da Liberdade, inaugurado em 1898, um ano após a fundação oficial da cidade. A própria escolha do nome não foi casual: “Liberdade” era uma palavra carregada de significado político, evocando os ideais republicanos de autonomia e cidadania. Erguido no ponto mais alto da então Avenida João Pinheiro, o edifício se impunha sobre a paisagem, dominando a vista da cidade e reforçando o poder do novo governo estadual.

Projetado pelo arquiteto José de Magalhães, o Palácio combina elementos clássicos e neobarrocos, em uma estética que buscava ao mesmo tempo elegância e autoridade. Sua escadaria, fundida na Bélgica, e os móveis, tapetes e cristais vindos da França demonstravam o desejo de Minas de se alinhar aos padrões europeus de modernidade. O paisagismo dos jardins, assinado pelo francês Paul Villon, integrava o Palácio à Praça da Liberdade.