Cultura

Igreja da Boa Viagem pode se tornar ‘Marco Zero’ de Belo Horizonte

Vila no entorno da instituição religiosa teria sido primeira construção da capital mineira


Créditos da imagem: Expedia
Câmara Municipal de Belo Horizonte oficializa a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem como o Marco Zero da cidade, reconhecendo sua importância histórica e cultural como ponto de origem da capital mineira

Thiago Alves

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13/06/24 às 08:40
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A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) aprovou, em segundo turno, por unanimidade, o projeto de lei que oficializa a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem como o Marco Zero da capital mineira. O texto, que recebeu 39 votos favoráveis nesta quarta-feira, 12 de junho, reconhece o local como o ponto de origem da cidade. Agora, o projeto seguirá para sanção do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman.

Mais do que um ponto geográfico

O Marco Zero representa a identidade e a memória de um povo. Ele serve como referência espacial e temporal, conectando o passado, o presente e o futuro da cidade. No caso de Belo Horizonte, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem assumirá essa função, caso o texto seja sancionado pelo prefeito da capital mineira e transformado em lei.

O que significa ter um Marco Zero oficial?

O marco zero de uma cidade representa o seu centro geográfico, a partir do qual todas as medições de distância relativas a ela são estabelecidas. Além disso, frequentemente, essa referência marca o local onde a cidade teve origem. A oficialização do Marco Zero da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem poderá trazer benefícios para a capital, como o fortalecimento da identidade cultural de Belo Horizonte, impulsionar o turismo religioso e histórico na região. O local também poderá receber investimentos em infraestrutura e se tornar um importante ponto de referência para moradores e visitantes.

Afinal, quais são os Marcos Zeros de Belo Horizonte?

De forma técnica, existem três Marcos Zeros na capital mineira – a Praça Sete, a Igreja da Boa Viagem e o conjunto arquitetônico da Pampulha – , além de um marco geográfico, que é a Praça da Estação. “Entretanto, nenhum deles é oficial”, explica Yuri Mesquita, diretor do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte (APCBH), em audiência pública realizada em fevereiro deste ano na CMBH.

Segundo Mesquita, a Praça da Estação é o Marco Zero geográfico e o que corrobora essa referência é que “ali chegaram os materiais que seriam usados na construção da cidade e é onde está a pedra fundamental da capital mineira”.

Para o sociólogo João Vitor Ferreira, a discussão é “inócua”. Pároco da Igreja, padre Marcelo Carlos Silva completou afirmando que a vila foi eliminada, destruída arquitetonicamente para dar lugar à primeira cidade planejada do país. De acordo com ele, quando a cidade foi inaugurada, em 1897, já havia a Capela da Boa Viagem e a Capela Nossa Senhora do Rosário (a capela dos pretos). 

“Estamos aqui defendendo o restauro de um patrimônio. O que nos une aqui é a defesa de um patrimônio histórico, cultural e paisagístico do qual a Igreja da Boa Viagem faz parte. Uma vez que não há um reconhecimento legal, porque não fazer uma correção histórica justa?”, questionou.