Conheça museus, praças e ruas que ensinam sobre a Inconfidência Mineira e Tiradentes
Museu Mineiro é um dos locais que ajuda a contar a história da Inconfidência Mineira
Em 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi enforcado pela Coroa portuguesa como punição por sua participação na Inconfidência Mineira, movimento que defendia a independência do Brasil do domínio colonial. Mais de dois séculos depois, a data se tornou feriado nacional e Tiradentes é lembrado como símbolo da luta por liberdade e justiça no país.
Museus e até mesmo ruas de Belo Horizonte contam um pouco da história que marcou essa data e da trajetória de Tiradentes. Veja, abaixo, quatro desses locais:
No Museu Mineiro, localizado na Avenida João Pinheiro, 372, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, duas peças se destacam por sua ligação direta com a Inconfidência Mineira. Uma delas é a Bandeira dos Inconfidentes, exibida na Sala Minas Gerais. Ao contrário da versão atual da flâmula de Minas Gerais, o símbolo original traz um triângulo verde — sugestão do próprio Tiradentes, sobre fundo branco, idealizado pelo poeta Cláudio Manoel. Já o lema em latim “Libertas quæ sera tamen” (“Liberdade, ainda que tardia”) foi proposto por Alvarenga Peixoto.
Outro item que desperta a curiosidade dos visitantes é um relógio de bolso banhado à prata, datado de 23 de fevereiro de 1780. A peça carrega as iniciais J.J.S.X., referência a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos principais líderes do movimento que marcou a história da luta por independência no Brasil.
Endereço: Avenida João Pinheiro, 342, Belo Horizonte
Horário de funcionamento: terça a sexta: 12h às 19h / sábado, domingo e feriados: 11h às 17h — o museu não funcionará neste feriado, de 18/04 a 21/04
Entrada: gratuita
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No Arquivo Público Mineiro, que funciona no mesmo endereço do Museu Mineiro, documentos raros ajudam a reconstruir detalhes da vida e das consequências da Inconfidência Mineira. Entre os registros, estão contracheques que comprovam o salário recebido pelo alferes Tiradentes, nos anos de 1781 e 1782: 72 mil réis por trimestre, valor considerado elevado para a época, segundo historiadores.
Outro documento de destaque é uma carta comovente escrita por Bárbara Heliodora, companheira do inconfidente Alvarenga Peixoto. Endereçada ao contratador da Real Fazenda, João Rodrigues de Macedo, a carta, datada de 18 de fevereiro de 1795, revela o desespero de Bárbara após ter os bens confiscados pela Coroa portuguesa. Com o marido preso e exilado em Angola, onde morreria, ela escreve: “Eu não tenho outro abrigo, e que será de mim? E de meus tristes filhos se nos faltar a sua proteção. (…) depois de perder meu marido, e que marido, e por um modo tão lastimoso, não quero senão chorar toda vida.”
De acordo com especialistas, a carta integra o processo de negociação que resultou, anos mais tarde, na devolução dos bens da família Heliodora.
Endereço: Av. João Pinheiro, 372 – Lourdes, Belo Horizonte
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Entrada: gratuita — consulte o site para informações sobre agendamento de visita guiada, pesquisa ou consulta
Outra relíquia da Inconfidência Mineira preservada em Belo Horizonte é uma carta escrita por Tiradentes ao rei de Portugal, que fica no Museu dos Militares Mineiros, na Rua dos Aimorés, 698. No documento, o líder da conspiração contra a Coroa portuguesa assina como “Alferes, o comandante do sertão” — expressão que, segundo historiadores, sugere uma posição de destaque de Joaquim José da Silva Xavier no comando da cavalaria de Vila Rica.
O museu também abriga outra peça simbólica: o uniforme oficial de Tiradentes, que hoje carrega o peso histórico de representar o Patrono das Polícias Militares do Brasil. O acervo ajuda a traçar a trajetória de um dos personagens mais emblemáticos da luta por independência no país.
Endereço: Rua dos Aimorés, 698 – Funcionários, Belo Horizonte
Horário de funcionamento: segunda a sexta: 11h às 17h
Entrada: gratuita
Outro símbolo da reverência ao movimento está na Praça Tiradentes, localizada no encontro das avenidas Afonso Pena e Brasil. Ali, uma escultura de bronze assinada por Antônio van der Weill presta tributo a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência. Mas, a história da praça tem um detalhe curioso: a solenidade de inauguração, em 20 de agosto de 1962, aconteceu antes da finalização do monumento. Para não adiar o evento, a prefeitura instalou uma réplica em gesso no lugar da estátua definitiva. Somente em 5 de janeiro de 1963, a escultura original, com 6,5 metros de altura e 1.400 quilos, foi finalmente erguida no local.
No coração da capital, ruas inteiras homenageiam os conjurados que se rebelaram contra a exploração da Coroa Portuguesa. Nomes como Álvares Maciel, Alvarenga Peixoto, Domingos Vieira, Resende Costa, Tomás Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Padre Rolim estampam placas e cruzamentos da região central, ao lado de figuras femininas importantes como Marília de Dirceu e Bárbara Heliodora.