Cultura

Lô Borges: conheça o destino do tênis que virou ícone da MPB

Calçado que estampou a capa do lendário 'Disco do Tênis' já estava gasto quando foi fotografado — e hoje não existe mais


Créditos da imagem: Reprodução/Cafi
Par de tênis pertencia a Sérgio, um primo dos Borges Par de tênis pertencia a Sérgio, um primo dos Borges

Mariana Cardoso Carvalho

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12/11/25 às 15:26 - Atualizado em 12/11/25 às 16:14
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Em 1972, um par de tênis surrado entrou para a história da música brasileira. Ele estampa a capa do primeiro disco solo de Lô Borges, lançado no mesmo ano do clássico “Clube da Esquina”. O álbum, batizado simplesmente de “Lô Borges”, mas eternizado como o “Disco do Tênis”, foi registrado quando o músico tinha apenas 20 anos e já despontava como um dos nomes mais inventivos da nova geração mineira.


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A ideia da capa partiu do próprio Lô. Cansado da intensa rotina de gravações, ele recusou posar para fotos e sugeriu usar uma imagem do tênis que usava no dia a dia. A foto foi feita por Cafi, artista pernambucano responsável também pela icônica capa dos dois meninos de “Clube da Esquina”.

O compositor contou, em entrevista ao programa “O Som do Vinil”, do Canal Brasil, que estava exausto, não queria saber de estúdio nem de sessão de fotos. “A única foto que tem minha é na contracapa, e é eu sentado mal-humorado. Eu queria voltar para Belo Horizonte, queria o colo da minha mãe. Aí fotografaram o tênis que eu usava e falei: ‘bota essa foto aí. É a melhor foto. A que me representa mais. Representa o que vou fazer que é colocar o pé na estrada depois desse disco pronto'”, revelou.

Pouco depois da gravação, ele de fato colocou o pé na estrada: deixou Belo Horizonte e partiu para Arembepe, na Bahia, onde viveu uma fase de reclusão e liberdade.

Curiosamente, Lô só levou o “Disco do Tênis” aos palcos 45 anos após o lançamento, em uma turnê que percorreu o Brasil com arranjos originais recriados pela banda de Pablo Castro.

Um tênis com história

O calçado que virou símbolo da contracultura mineira nem era originalmente de Lô. Em entrevista ao jornal O TEMPO, o irmão do músico, Yé Borges, contou que o par pertencia a Sérgio, um primo da família em Brasília.

Yé lembra que gostou do tênis e o trocou por alguns pertences. De volta a BH, Lô ficou com ele. Com sua morte, em 2 de novembro, o “tênis da capa” voltou a despertar curiosidade entre os fãs. No entanto, segundo o irmão, ele já não existe há muito tempo.

Obras inéditas

Yé Borges também revelou ao jornal O TEMPO que Lô deixou um legado ainda inédito. Quatro álbuns prontos, sendo dois já mixados, devem ser lançados no futuro.

Para o irmão de Lô, a obra não pode ficar engavetada. “Tem que compartilhar, porque há coisas geniais que ele fez. Temos que ver com o produtor dele pra gente lançar” completou.