Cultura

Mostra gratuita traz filmes dirigidos por mulheres e contra a violência

Programação começa nesta quarta (1°) e inclui exibições de filmes em formato presencial no Cine Santa Tereza, além de ações virtuais, como debates e vídeo-performance


Créditos da imagem: Divulgação
Curta "A mulher que eu era", de karen Suzane, conta a história de Cacau, uma mulher negra casada com um homem branco. Dentro sua rotina, ela encara suas lembranças e, em um contexto onírico, as memórias lidam com momentos passados de opressão

Redação Sou BH

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30/11/21 às 08:06
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A Mostra Diálogos pela Equidade chega à sua 3ª edição apresentando uma seleção de curtas e longas-metragens de diretoras cujas obras se voltam contra o silenciamento que costuma acompanhar a violência contra as mulheres. A programação reúne 13 filmes que serão exibidos em formato presencial, no Cine Santa Tereza, entre quarta -feira (1°) e 12 de dezembro, com entrada gratuita. Os ingressos podem ser retirados antecipadamente pela plataforma Diskingressos ou na bilheteria do cinema. Em paralelo à mostra de filmes, serão realizados debates, apresentação de vídeo-performance e aula master em formato digital.

Três mulheres de destaque no cinema brasileiro compõem, com seus filmes, o painel temático “A Mulher e a Câmera: a outra história do cinema brasileiro”, destacando as criações de Helena Solberg (SP), Adélia Sampaio (BH) e Tata Amaral (SP). A produção que abre a programação é “A Nova Mulher” (classificação livre), de Helena Solberg. A diretora é considerada pioneira no cinema moderno de autoria feminina no Brasil e, neste média-metragem, percorre 170 anos da história do movimento feminista nos EUA., utilizando-se de cartas, diários, reportagens, fotografias e imagens de arquivo.

Uma década mais tarde, rompendo o racismo estrutural presente na sociedade e no mercado audiovisual, Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, realizou em 1984 “Amor Maldito” (16 anos), no qual a morte de uma mulher é o estopim para um julgamento em que a relação homoafetiva da vítima com a ré se torna o ponto central debatido.

E fechando o painel temático, a diretora Tata Amaral, expoente da safra de filmes da década de 1990, no período batizado de Retomada do Cinema Nacional, apresenta “Um Céu de Estrelas” (16 anos). Primeiro longa da diretora paulista, de 1996, mostra uma história claustrofóbica, toda centrada no cenário de uma residência de classe média baixa paulistana, na qual um casal personifica a violência doméstica vivenciada pelas mulheres. 

Esses exemplos históricos protagonizados por mulheres no audiovisual se multiplicaram e a presença feminina no cinema brasileiro não apenas saiu da invisibilidade, como efetivamente se ampliou em número e diversidade de olhares que estão presentes no painel temático “Violências e Enfrentamentos”. Neste, estão reunidas criações visuais que denunciam as marcas do racismo, como nos curtas “A Mulher Que eu Era” (14 anos), de Karen Suzane (BH), e “Pontes sobre Abismos” (14 anos), de Aline Motta (RJ), assim como obras que explicitam as agressões e abusos físicos em curtas como “Estado Itinerante”, de Ana Carolina Soares (BH), “Tentei” (14 anos), de Laís Melo (MG), e “Sigo Viva” (18 anos), de Letícia Ferreira (BH).

A vulnerabilidade e força das mulheres frente a uma estrutura de poder opressiva sobre seus corpos e subjetividades é evidenciada em longas como “Meu Nome é Jacque” (12 anos), de Angela Zoé (MG), “Baronesa” (16 anos), de Juliana Antunes (MG), e “Torre das Donzelas” (14 anos), de Susanna Lira (RJ), e nos curtas “Parece Comigo” (18 anos), de Kelly Cristina Spinelli (SP), e “Não é só Isso” (18 anos), de Yasmin Rocha (BA).

Além da mostra de filmes, uma série de atividades acontece em formato virtual. Já no primeiro dia da programação, 1º de dezembro, às 20h, será realizado o debate “A mulher e a câmera: a outra história do cinema brasileiro”, com a participação das diretoras Helena Solberg (SP) e Adélia Sampaio (BH), com mediação de Roberta Veiga (RJ), do Grupo de Pesquisa Poéticas Femininas e Políticas Feministas da UFMG. A atividade é on-line e poderá ser conferida pelo canal da Fundação Municipal de Cultura no Youtube ou site do Circuito.

“O Cinema Feminino Negro no Brasil” é o tema da Aula Master que será ministrada por Janaína Oliveira (RJ), doutora em História e idealizadora e coordenadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro. Nesta aula, Janaína abordará as complexas questões envolvidas na escassa representatividade que marca a história das mulheres negras brasileiras no setor audiovisual, ressaltando os trabalhos das pioneiras e a produção atual. A atividade acontece no dia 7, às 10h, pela plataforma Zoom. Não haverá necessidade de inscrição prévia, sendo aberta ao público, mas sujeita à lotação da sala virtual. O link poderá ser acessado na bio do Instagram do Circuito no dia da realização da aula.

No dia 9, às 20h, será exibida a vídeo-performance “FÊMEA”, de Laura de Castro (BH), que usa a linguagem da dança para mostrar o lado que está dentro de nós quando andamos pelas ruas da cidade, nosso lado animal que nos faz “fêmea: alvo de caça”, e nos faz flecha, andando pra frente sem olhar para trás. Em sequência, acontece o debate on-line “Violências e Enfrentamentos”, com as convidadas Yasmin Rocha (BA), diretora do filme “Não é só isso”, Letícia Ferreira (BH), diretora de “Sigo Viva”, e Márcia de Cássia Gomes (BH), professora e ativista do Movimento Feminista.

As duas atrações encerram a programação da Mostra e poderão ser conferidas pelo canal no YouTube da Fundação Municipal de Cultura ou site do Circuito.