Filmes ganham sessões gratuitas com Libras, audiodescrição e legendas em BH
A inclusão social como ferramenta de democratização do acesso ao cinema forma a proposta da Mostra Inclusiva Lais, que leva 10 curtas-metragens ao Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza) em programação gratuita, nesta sexta-feira e sábado (4 e 5 de outubro). As sessões investem em acessibilidade para garantir a participação de pessoas com deficiência visual e auditiva, por meio de recursos como audiodescrição, interpretação em Libras e legendas descritivas.
A seleção de obras ainda destaca a presença feminina no audiovisual nacional, com 70% dos títulos dirigidos por mulheres. As produções da mostra apresentam reflexões sobre problemas sociais relevantes, como racismo, intolerância, segregação de classe, solidão e opressões de gênero. O projeto é idealizado pelo cineasta Shelmer Gvar e tem curadoria assinada por Bárbara Sturm.
Realizador da mostra, Gvar destaca que o evento tem como missão principal abraçar a diversidade de corpos e vivências das pessoas com deficiência (PCD), garantindo que elas sintam-se parte do público de cinema como qualquer outra pessoa. “Não é apenas um filme com recursos inclusivos para deficientes visuais e auditivos, é um festival inteiro. E esse é um desafio imenso, porque as pessoas com deficiência visual e auditiva passam a vida inteira acreditando que o cinema não é o lugar delas”, ele reflete.
Em sua segunda edição, a Lais carrega no nome os conceitos que estão na raiz de sua proposta. O título da mostra é formado por um acróstico das palavras Libras, Audiodescrição, Inclusão e Social. “Nós queremos fazer que a cada ano a Mostra Lais chegue a mais e mais pessoas com alguma deficiência visual e auditiva, para desmistificar que elas não podem ir ao cinema. O cinema também é o lugar dela”, completa Shelmer Gvar.
Neste ano, o festival recebeu as inscrições de aproximadamente 500 filmes assinados por diretores e diretoras de todo o país, cerca de 100 a mais do que na edição de estreia em 2023. A seleção de 10 títulos inclui produções de belo-horizontinos como ‘Edom’ (2023), dirigido por Cláudio Márcio de Lima e Breno Santos, que narra um dia na vida de um jovem negro que vive na periferia da capital mineira. Confundido na rua com um ladrão de celular, o protagonista tem sua vida virada de cabeça para baixo repentinamente.
Outros curtas que representam a produção cinematográfica de BH na mostra incluem ‘Meu Melhor Amigo’ (2018), animação do belo-horizontino Laly Cataguases, que conta a história de um solitário menino que dá vida ao seu melhor amigo feito de cartolina; ou ainda ‘Residual’ (2023), assinado pela cineasta da capital Ana Amélia Arante, que aborda como aspectos sutis e explícitos das várias formas de segregação social se expressam nos banheiros, se fazem notar nas relações, nos usos e até mesmo nos espaços físicos.
As entradas gratuitas estão disponíveis no Sympla (entradas para sexta-feira neste link, para sábado neste link) e na bilheteria do cinema, uma hora antes de cada sessão. Ambas as sessões ocorrem às 19h, na sexta-feira e no sábado, com classificação indicativa de 14 anos.
Todos os filmes da programação contam com audiodescrição, Libras e legendas descritivas. Após as sessões presenciais, os filmes da mostra também ficam disponíveis gratuitamente no site oficial do projeto, ao longo de 48 horas (nos dias 6 e 7 de outubro).
‘Apartamento de Duas’
(Ieda Maria Lagos/Felipe Vignoli | Brasil | 2024 |25 min)
‘Lagrimar’
(Paula Vanina | Brasil | 2024 | 14 min)
‘Aonde Vão os Pés’
(Débora Zanatta | Brasil | 2020 | 14 min)
‘Pássaro Memória’
(Leonardo Martinelli | Brasil | 2023 | 15 min)
‘Instante’
(Paola Veiga | Brasil | 2023 |15 min)
‘Meu Melhor Amigo’
(Laly Cataguases | Brasil | 2018 |14 min)
‘Nunca Pensei Que Seria Assim’
(Meibe Rodrigues | Brasil | 2022 |10 min)
‘Residual’
(Ana Amélia Arantes | Brasil | 2023 |25 min)
‘Os Muitos Mundos de Piero Maria’
(Helena Romano Guerra | Brasil | 2023 |17 min)
‘Edom’
(Cláudio Márcio de Lima/Breno Santos | Brasil | 2023 |17 min)