Cultura

Primeira sala de cinema de BH foi inaugurada em 1906; saiba história

A história do primeiro cinema de BH, inaugurado em 1906, e o impacto cultural que marcou gerações até seu fechamento em 1928


Créditos da imagem: Banco de imagens/Unsplash
Várias pessoas em uma sala de cinema. Vários cinemas desapareceram devido à especulação imobiliária.

Yasmin Oliveira

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27/11/25 às 18:09 - Atualizado em 27/11/25 às 18:10
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Belo Horizonte inaugurou sua primeira sala de cinema em 1906, apenas nove anos depois de fundar a capital. A partir desse momento, a cidade iniciou uma relação intensa com a sétima arte. Em seguida, diversos cinemas passaram a marcar a vida cultural dos moradores. Entre eles, destacaram-se o Odeon — instalado no antigo Teatro Paris —, o Glória, o Metrópole, o Pathé e o Cine Brasil. Cada um deles fortaleceu o hábito de ir ao cinema e atraiu gerações de espectadores.

Com o tempo, porém, a especulação imobiliária avançou sobre o centro e substituiu muitos desses espaços por novos empreendimentos. Como resultado, vários cinemas desapareceram da paisagem urbana e permaneceram apenas na memória coletiva dos belo-horizontinos.

Cine Odeon

Inaugurado em 1906 como Teatro Paris, o espaço adotou o nome Cinema Odeon em 1912. Nesse contexto, o lugar se destacou como um dos edifícios mais emblemáticos da cidade. Localizado na Rua da Bahia, nº 860, próximo à Avenida Afonso Pena, o prédio exibiu uma arquitetura eclética e impressionou moradores e visitantes. Desde seus primeiros anos, o Odeon consolidou-se como um ponto cultural fundamental.

Além das sessões de cinema, o segundo pavimento abrigava a sede social do Clube Belo Horizonte, o que ampliava o movimento e reforçava sua função como centro de convivência. Assim, também reuniu plateias animadas para matinês movimentadas, sessões com orquestras ao vivo, cinejornais e faroestes, tornando-se um dos principais pontos de convivência de Belo Horizonte.

Em 1928, quando o Odeon encerrou suas atividades, Belo Horizonte reagiu com tristeza. Carlos Drummond de Andrade registrou esse sentimento no poema O Fim das Coisas, no qual lamentou o fechamento do cinema e, por extensão, a perda simbólica de parte de sua juventude. Assim, o fechamento do Odeon representou mais do que o fim de uma sala de exibição: simbolizou o encerramento de uma fase cultural significativa para a cidade.

Legado

Ainda hoje, mesmo que muitos cinemas tenham desaparecido, a história deles permanece. Eles construíram referências culturais, formaram públicos e ajudaram Belo Horizonte a desenvolver sua vida artística. Por isso, mesmo restritos à memória, continuam a ocupar um lugar essencial na identidade da capital mineira.