FecharX

Música para todos! Projeto propõe musicalização de surdos com oficinas gratuitas

As aulas serão ministradas por integrantes do Bloco Magnólia e pretendem formar músicos para o carnaval de 2020



Créditos da imagem: Marina de Moraes
Main whatsapp image 2019 03 27 at 16.08.31
Júlia Alves
27/03/19 às 19:02
Atualizado em 27/03/19 às 19:15

Todo mundo pode fazer música. Essa é a ideia da Oficina de Musicalização para Surdos, mostrar que não existem limitações na hora de deixar os acordes do violão e as vibrações do tambor fluírem. Criada a partir de uma parceria entre o Bloco Magnólia e a Sociedade Dos Surdos de Belo Horizonte (SSBH), as oficinas vão propor um estudo das relações entre música e surdez. As aulas gratuitas começam no dia 13 de abril e os interessados já podem se inscrever pelo site.

Com a intenção de garantir a formação musical e a abertura de um diálogo mais próximo com a comunidade surda, os organizadores também já estão pensando no próximo carnaval. “No bloco queríamos abordar projetos mais sociais. E com a oficina pretendemos tratar desse lado mais social, mas também levar essas pessoas para o carnaval de 2020. Queremos capacitar a comunidade surda para que eles possam fazer parte de qualquer bloco”, conta Flávio Teixeira Maia, músico, pesquisador e um dos fundadores do Magnólia.

De acordo com o músico, as oficinas duram até a folia do próximo ano e, inicialmente, serão focadas em bate-papos e no entendimento da música e dos lados mais subjetivos sobre essa forma de arte. As aulas devem acontecer uma vez por semana, aos sábados, das 9h às 14h, na sede da SSBH (rua Expedicionário Michel Jacobe Cheib, 162, Caiçaras).

“Inicialmente teremos conversas para saber o que a comunidade acha e quais são as necessidades dos integrantes da oficina. Queremos entender e conversar sobre a relação da música e da surdez, fazer experimentações sonoras e aprender mais sobre as pulsações dos instrumentos e sobre os ruídos como forma de música”, afirma Flávio, que também conta que os participantes vão confeccionar os próprios instrumentos, se familiarizando com a música de forma mais introspectiva e, depois, partindo para a parte prática.  

E a intenção dos organizadores é garantir muitos alunos para as práticas. Com vagas ilimitadas, por enquanto, o bloco e a própria SSBH querem saber primeiro o que o público precisa para depois organizar diferentes turmas e horários para os alunos.

A sementinha do projeto

Intérprete de livros de sinais e pesquisador das relações entre a musicalidade e a surdez, Flávio já participou de outros projetos e oficinas focados na musicalização de pessoas com alguma deficiência auditiva.

Filho de pai e mãe surdos, o músico cresceu na comunidade surda e, ao seguir para o meio da música, queria aliar os dois universos e proporcionar as sensações e vivências da musicalidade para essas pessoas.

“Em 2013, fui pesquisando e procurando saber mais sobre essas relações. Professores e alunos da UFMG foram essenciais para ajudar no meu caminho na área. E o primeiro trabalho que fiz foi uma oficina de percepção musical para surdos. Nesse projeto construímos um tablado com alto falantes conectados e ligamos um som para as pessoas ‘sentirem’ a música”, comenta Flávio.

Para o artista, o objetivo das oficinas é permitir a experimentação musical, além de empoderar os surdos, promovendo a desconstrução dessa ideia pré-concebida de quem pode ou não fazer música.