Registros fotográficos lançam um olhar sensível sobre regiões tradicionais da capital mineira
“Quanto tempo dura um bairro? E uma cidade? Quem responde é Belo Horizonte, uma metrópole em constante e frenética transformação. Com apenas 120 anos e cerca de 2,5 milhão de habitantes, a jovem capital de Minas possui até quatro gerações debaixo dos seus tecidos. É o que apontam arquitetos e historiadores.” Com um olhar sensível e atento, a fotógrafa Mirela Persichini e o designer Phillippe Albuquerque registram, através de fotografias e textos compartilhados no Instagram e no site Quanto Dura, a memória e permanência, arquitetura e urbanidade da capital mineira e o contraste existente entre três bairros: Lagoinha, Santa Tereza e Savassi.
Savassi – Foto: Mirela Persichini
Como surgiu o “Quanto Tempo Dura um Bairro?”
A iniciativa surgiu quando Philippe Albuquerque recebeu um comunicado avisando que sua casa em Santa Tereza (o número 1.145 da Rua Salinas) seria um dos 288 imóveis e quatro praças do bairro indicados ao processo de tombamento do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte. Esses imóveis vão conformar o tombamento do conjunto urbano do bairro. O comunicado foi o ponto de partida para a realização do projeto.
Sendo assim, o projeto surgiu a partir de reflexões sobre o tombamento de imóveis históricos e seus processos nos bairros Lagoinha, Santa Tereza e Savassi. “Começamos por Santa Tereza, esse bairro cercado por trem e avenidas, cheio de memórias preservadas. Depois a Lagoinha, que carrega em si a história da nova capital mineira e convive com o abandono e os planos adversos do planejamento urbano. E por fim desembarcamos na Savassi, a menina dos olhos de BH, que convive com a verticalização e o apagamento através da senha higienizadora do progresso. O resultado é um acervo inédito, composto pelo registro do conjunto urbano desses bairros tão distintos e importantes para a cidade”, contam Mirela Persichini e Phillipe Albuquerque.
A intenção do projeto é contribuir para a difusão da potência cultural, simbólica e urbanística do conjunto arquitetônico e afetivo de Belo Horizonte e também propor reflexões sobre o tombamento e seus processos enquanto realiza uma cartografia do patrimônio material e imaterial desses bairros. “Ao longo de quatro anos, as ruas desses bairros foram percorridas e os imóveis históricos, intervenções urbanas e diversos detalhes arquitetônicos, além de personagens e agentes da vida local, foram capturados em fotografias”, recordam Mirela e Phillipe.
Santa Tereza – Foto: Mirela Persichini
O livro
Com muita sensibilidade, a iniciativa agora vai além do on-line e ganha um registro físico, com um livro que traz o mesmo nome do projeto. Os interessados em adquirir um exemplar do livro “Quanto tempo dura um bairro?” podem realizar a compra pelo Instragram ou site. Na rede social ainda estão sendo realizadas ações de divulgação para encontrar e sortear moradores dos três bairros – e de outros bairros de BH – que receberão o livro e uma deliciosa broa, a cara dos mineiros.
Mais que um manifesto pela conservação do patrimônio e da memória, o livro, editado por Fernanda Brescia e composto por 189 páginas, é um registro inédito do conjunto urbano dos bairros Lagoinha, Santa Tereza e Savassi e também um convite para olhar a capital mineira a partir de uma investigação feita por meio de fotografias e textos que perpassam todos esses temas, levantando sempre a questão da permanência. Um recorte geográfico, patrimonial, simbólico e afetivo dessa crônica fotográfica permeada por imagens de tijolos, pisos, azulejos, ornamentos, fachadas e, claro, histórias e memórias de moradores.
Haverá ainda, no dia 15 de julho, às 18h, uma live no Roda de Conversa com os idealizadores do projeto, Mirela Persichini e Phillippe Albuquerque com a participação de vários convidados especiais.