A atriz divide o palco com Danielle Winits em apresentação única da peça Parabéns, Senhor Presidente
“Lembra de mim. Dos beijos que escrevi nos muros a giz.
Os mais bonitos continuam por lá. Documentando que alguém foi feliz… Lembra
de mim. Nós dois nas ruas provocando os casais. Amando mais do que o amor é
capaz. Perto daqui há tempos atrás…”. A voz doce de Ivan Lins eternizou a
abertura de ‘História de Amor’ através da canção ‘Lembra de Mim’. Na mesma novela, de Manoel Carlos, Christine
Fernandes ganhou seu primeiro papel de destaque na TV. A atriz, que chega a BH
com a peça Parabéns Senhor Presidente – em apresentação única, dia 29 de novembro, às 21h, no
Grande Teatro do Sesc Palladium – falou sobre sua relação com
o autor e dividiu um pouco mais de sua história com o Sou BH.
No currículo, além de História de Amor, Christine
ganhou grande destaque em outras duas obras de Manoel: Simone e Ariane, em Páginas
da Vida e Viver a Vida, respectivamente. “Maneco me abriu as portas, me
percebeu. Sempre vivi mulheres doces nas novelas dele, de bom coração, talvez
como ele me via e tenho, de fato, essas qualidades”, contou a atriz, que
acrescentou sobre suas similaridades com as personagens. “Quem sabe, a
liberdade e a independência da Simone sejam traços muito meus, bem como a
empatia da Ariane. Temos muitas camadas, certamente todas têm algo de mim”,
completa.
Muito antes de se tornar atriz, entretanto, Fernandes
teve uma bem sucedida carreira como modelo, foi jogadora de vôlei e ainda se
formou em jornalismo. “A atriz só nasceu depois da convicção que não cresceria
o suficiente pra seguir no vôlei. Eu era jogadora de ponta, com chances de
seleção. Para mim, foi uma constatação difícil, mas necessária para me mover
noutra direção que já gostava muito, mas conhecia pouco: a arte”, revela.
Com mais de 25 anos de carreira, Christine vai muito além
da TV e já viveu grandes papéis no cinema e no teatro. Dois deles, entretanto,
ela relembra com carinho especial. “No teatro, fiz, anteriormente, a peça
Hedda Gabler, de Ibsen, que é uma personagem complexa, mas nada comparado à
Maria Callas, que requereu outro olhar sobre a vida e sobre a carreira. Callas
é um touro, tem um foco e uma disciplina que tive que absorver. Já na TV, tive muitas
alegrias em personagens de época. Aurélia Camargo, do romance Senhora, que
interpretei em Essas Mulheres, foi um sonho realizado, por exemplo, pois era
um dos meus romances favoritos e era um papel completo, riquíssimo, me
transportava para aquele período. Foi incrível!”, recorda.
Se como atriz os desafios já são muitos, em 2011,
Fernandes deu mais um passo na carreira e integrou o time de apresentadoras do
programa Saia justa – ao lado de Mônica Waldvogel, Teté Ribeiro e Camila
Morgado. “O Saia Justa era algo natural pra mim. Gosto do pensar. Estudo muito,
até hoje. Sou curiosa e o programa só expôs essa minha faceta”, explica. Ainda
de acordo com ela, o formato da atração a deixava confortável. “No Saia, nossa
opinião era sempre embasada e nunca irresponsável, por isso, foi possível pra
mim. Gosto de me apoderar, estudar, compreender os assuntos sobre os quais vou
falar. Lá era um espaço pra debates. Adoro muito tudo isso”, explica.
Pela primeira vez em palcos mineiros, Christine divide a cena
com Danielle Winits. O espetáculo é
ambientado na comemoração do 45º aniversário de John Kennedy, no dia 19 de maio
de 1962 e retrata o protagonismo de Marilyn Monroe (Winits), que cantou um
“Happy Birthday” tão sexy quanto histórico, e Maria Callas (Fernandes),
ovacionada, ao cantar Habanera da ópera Carmen. Sobre sua personagem, Christine define como
desafiadora. “Sempre
tive imensa admiração por Callas, mas era distante de mim. Esse espetáculo me
aproximou, não só da mulher que ama desesperadamente, como, também, da
profissional em busca da perfeição. Posso dizer, sem receio, que ela me tornou
uma artista melhor, com mais recursos. E como adoro um bom desafio, recebo
feliz e levo pra vida os ensinamentos apreendidos”, exalta.
Por fim, a atriz ainda revela um grande carinho pelos
mineiros e diz se sentir acolhida por aqui. “Já vim muitas e muitas vezes em
Minas e adoro, tanto o povo e sua simpatia e hospitalidade, como a cultura que
exala do estado, a brasilidade impregnada aí me emociona. Espero fazer um
espetáculo à altura desse povo tão simpático e, historicamente, rico. Me sinto
em casa em Minas. Arrisco dizer, inclusive, que Minas é a segunda casa de todo
brasileiro, tamanho o aconchego que sentimos aí”, conclui.