Entrevista Especial

Letícia Sabatella apresenta sua Caravana Tonteria em BH

“A Caravana é um show e tem uma linguagem que toca o coração das pessoas, porque fala através da música e da poesia”, conta a atriz


Créditos da imagem: Luciana Pires

Júnior Castro

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05/12/19 às 20:00
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“Há
mulheres que trazem o mar nos olhos. Não pela cor. Mas pela vastidão da alma. E
trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos. Ficam para além do tempo. Como se a
maré nunca as levasse. Da praia onde foram felizes. Há mulheres que trazem o
mar nos olhos, pela grandeza da imensidão da alma, pelo infinito modo como
abarcam as coisas e os homens… Há mulheres que são maré em noites de
tardes… e calma”. O poema de Adelina Barradas de Oliveira passeia pela
imensidão arrebatadora da alma feminina. Ser mulher é ser um oceano infinito.
E, não à toa, o escolhemos para dar início à prosa com Letícia Sabatella – que
apresenta hoje (05) e amanhã (06), às 21h, sua
Caravana
Tonteria no Grande Teatro do Sesc Palladium
.

Atriz,
bailarina, intérprete, compositora e exploradora das artes, Letícia subiu aos
palcos pela primeira vez ainda criança, aos oito anos, no Teatro Guaíra, em
Curitiba. Aos 14, começou a fazer Teatro e, aos 16, já era bailarina
contemporânea profissional. Sua relação com esse universo, entretanto, se
iniciou muito antes, principalmente por meio das mulheres que a cercavam. “A
família da minha mãe é muito rica culturalmente. Eles tinham, inclusive, um bloco
de carnaval. Quando eu era criança me lembro que todas as mulheres cantavam
muito, tinham muitas habilidades manuais. Minha avó costurava, minha mãe
gostava de ver filmes, mas, uma coisa muito forte entre todas elas era o
cantar. Faziam tudo cantando, arrumavam a casa, viajavam, caminhavam. Então,
essa prática (cantar) virou um meio de viver e isso foi fundamental pra mim”,
recorda.

Para
além do ser artístico, Sabatella também é completamente engajada em movimentos
sociais. Seu envolvimento com os indígenas, por exemplo, se tornou tão forte
que ela chegou a conviver com a tribo Craós, no Tocantins, já acampou com
integrantes do Movimento dos Sem Terra, participa de entidades, é presença
constante em fóruns, em especial na defesa dos direitos humanos e do meio
ambiente. “Isso sempre foi muito claro para mim. Quando eu pensava em escolher
uma profissão, já imaginava algo no qual eu pudesse servir uma comunidade”,
esclarece Letícia, que ainda completa que não faria sentido seguir de maneira
diferente. “Não poderia ser de outra forma. Pensar apenas em si próprio é algo
muito contraditório para ‘o ser artista’. Eu nunca me sentiria confortável em
ter muito mais do que as pessoas que estão próximas a mim, assim como não me
sentiria bem tendo muito menos”, exemplifica.

Ainda
segundo Sabatella, existem inúmeros fatores para que uma sociedade possa se
manter saudável e, para ela, seria impossível não viver em comunhão. “Eu me
sinto muito pertencente a uma comunidade e, com isso, eu a quero saudável, com
equilíbrio, com justiça social, com saúde, com educação para todos. Quero ter o
mínimo de conversa com qualquer pessoa que encontre na rua. Claro que a gente
acaba escolhendo grupos onde nos sentimos melhor, mas o mais importante é se
sentir pertencente a uma sociedade integrada”, ressalta.

Nos
palcos, na TV, no cinema. Letícia, sem dúvidas, sempre encantou com seus papéis
intensos e marcantes. Mas, além de atuar, nos últimos anos, o público pode
conhecer a cantora. De volta a BH, ela traz oito músicas autorais e canções de
grandes referências da música universal. O Caravana Tonteria é um espetáculo
que reúne diversas manifestações artísticas, em performances e interpretações
teatrais que narram uma aventura sonora por diferentes terras e descobertas. “A
Caravana é um show e tem uma linguagem que toca muito o coração das pessoas,
porque fala através da música e da poesia. Eu acho que a forma como foi feita é
contundente, pois, traz diversos elementos que sensibilizam o espectador”,
explica.

Prestes
a reestrear na capital mineira, muita gente pode não saber, mas Sabatella é
mineira de Belo Horizonte e tem um imenso carinho pela cidade. “BH é uma cidade
que me acolhe de uma forma especial, além de minha filha também ter nascido aí.
É um lugar que eu tenho um amor enorme, que tem uma sensibilidade, um
misticismo… BH me pegou como aquele passarinho que a gente pega para criar,
que encontramos com a asinha machucada e cuidamos. Essa é a minha sensação
quando passo por aí”, finaliza.