Bianca Comparato fala sobre os desafios de viver Anna Carolina Jatobá em Tremembé, nova série da Prime Video sobre o presídio dos famosos
Sou BH acompanhou estreia da série 'Tremembé'; confira entrevista exclusiva
O Sou BH marcou presença na premiere exclusiva de “Tremembé”, nova série nacional da Prime Video, que chega ao catálogo nesta sexta-feira (31). A produção, composta por cinco episódios, retrata o cotidiano da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, localizada em Tremembé, no interior de São Paulo, conhecida como o “presídio dos famosos” por abrigar condenados por crimes que chocaram o país.
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Inspirada em obras do jornalista Ulisses Campbell, como “Suzane: Assassina e Manipuladora” e “Elize Matsunaga: A Mulher Que Esquartejou o Marido”, a série propõe um olhar dramatizado sobre casos que marcaram o imaginário coletivo brasileiro. Combinando drama, suspense e humor ácido, “Tremembé” mergulha nas relações complexas entre os detentos e nas manipulações psicológicas que se desenrolam dentro dos muros da prisão.
O elenco reúne nomes de peso do audiovisual brasileiro. Marina Ruy Barbosa interpreta Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais; Carol Garcia vive Elize Matsunaga, responsável pela morte e esquartejamento do marido; Bianca Comparato dá vida a Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte de Isabella Nardoni; e Lucas Oradovschi assume o papel de Alexandre Nardoni. Completam o elenco Felipe Simas, Kelner Macêdo, Anselmo Vasconcelos e Letícia Rodrigues, compondo uma narrativa que reencena crimes de repercussão nacional sob uma nova perspectiva.
Em Tremembé, os detentos são forçados a conviver em um ambiente tenso e manipulador, onde alianças e traições definem a sobrevivência. O episódio piloto se inicia com o pedido de transferência de Suzane von Richthofen para a penitenciária e apresenta, de forma breve, as histórias e personalidades dos principais personagens.
A série aposta em uma abordagem sarcástica e provocadora, que combina o tom de humor com a gravidade dos fatos reais. Essa escolha ajuda a manter o distanciamento do público em relação às figuras retratadas, evitando uma humanização excessiva de criminosos reais.
Cada episódio tem cerca de 45 minutos, e os cinco já estão disponíveis no catálogo da Prime Video. O ritmo ágil e o final do primeiro episódio deixam o público com vontade de maratonar, especialmente pela tensão crescente e pelas camadas de mistério que envolvem cada personagem.
Durante a premiere em Belo Horizonte, o Sou BH conversou com Bianca Comparato, que vive Anna Carolina Jatobá. A atriz falou sobre o peso psicológico do papel e sobre o desafio de interpretar uma personagem ainda viva e marcada por um crime que parou o Brasil.
“Desde que comecei a estudar essa mulher, eu via que ela escondia alguma coisa. Eu nunca vou saber o que ela esconde, mas tem algo ali. Seja esse pacto com o marido, que eles foram condenados, mas nunca assumiram o crime, eles carregam uma dualidade”, contou Bianca.
Ela também revelou o impacto emocional que o processo de gravação teve em sua vida:
“Foi muito pesado para mim. Eu fiquei meses para sair dessa personagem. Até porque ela ainda está viva, tem filhos, uma família. Isso me dava uma pressão ainda maior, diferente de outros papéis que já fiz.”
Para a atriz, o tom sarcástico e o humor na medida certa foram essenciais para impedir que o público romantize ou sinta empatia excessiva pelas personagens.
“O sarcasmo e o humor [da série] ajudam a distanciar. Você lembra que aquelas pessoas estão mentindo, são manipuladoras. Isso ajuda a não dar desculpas para a história.”
Bianca ainda compartilhou um spoiler: um dos episódios mostrará o crime de sua personagem, revelando detalhes inéditos e adicionando novas camadas à trama.
Assista à entrevista em vídeo:
A proposta da série não é recontar tragédias, mas provocar reflexão sobre a forma como o público consome essas narrativas. Tremembé questiona o limite entre o fascínio e o julgamento, explorando o quanto a sociedade se interessa, e se compadece por histórias de violência.
Com uma direção precisa e um texto afiado, a produção encontra um equilíbrio delicado entre crítica social e entretenimento, transformando o presídio mais famoso do país em palco de disputas psicológicas e morais.
Além das atuações intensas e da fotografia que explora tons frios e claustrofóbicos, Tremembé entrega uma reflexão sobre o que nos atrai em crimes reais. Em tempos em que o gênero true crime domina as plataformas de streaming, a série chega como um dos projetos mais ousados da ficção brasileira recente, capaz de incomodar, prender e provocar o espectador.
