Política na folia de BH: Carnaval terá blocos apoiando Lula e Bolsonaro
Blocos politizados na capital abrem as discussões para o ano de eleições presidenciais
Por Júlia Alves
O Carnaval sempre foi o momento do
brasileiro se divertir, extravasar e ironizar - o que inclui "cutucadas" no âmbito político. Mas, em 2018, ano de eleição presidencial, a folia também se tornou um palco ainda mais explícito neste último segmento. Em BH, dois blocos chamam atenção: o “Ai que saudade do
meu ex”, que apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o “Melhor Jair Festejando”, que
usa o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) como tema. Saindo na segunda-feira
(12) e terça-feira (13) de Carnaval, respectivamente, os blocos politizados escolheram duas figuras polêmicas para exaltar.
Afinal,
um bloco do Lula e outro do Bolsonaro não vemos todo dia, não é mesmo? “Os
setores mais politizados aproveitam a maior visibilidade do Carnaval. É algo
histórico. Além disso, o momento atual é muito propício para a politização e
grandes movimentos culturais são ideais para isso”, comenta ao SouBH Robson Sávio, coordenador
do núcleo de pesquisas sociopolíticas da PUC Minas.
A folia de um lado
Apesar desta realidade, o
organizador do “Melhor Jair Festejando”, Pedro Soares, garante que seu bloco
não tem nada de política. “A questão não é política. Não nos associamos a
movimento algum, apenas gosto da visão patriótica que o Bolsonaro possui. O bloco
é independente da política, por isso a principal motivação é festejar e
utilizar o Jair como um ícone”.
O bloco, que vai acontecer na
Praça da Liberdade, na região Centro-Sul, ainda contará com abadás estampando o
rosto do deputado federal. Mesmo assim, o “Melhor Jair Festejando” estará
aberto a todas as pessoas, como garante o idealizador. “O bloco está aberto a
todos, com ou sem abadá, todo mundo é bem-vindo. Por isso, não acho que não vai
ter nenhuma confusão ou manifestação, o Carnaval é para festejar”, pontua.
Porém, o momento é um pouco
diferente, como aponta o professor de Ciências Políticas Robson Sávio. “Esses blocos e
manifestações são expressões de preferência política bem públicas, existe uma
agenda e consequentemente um cunho político nestas ações”.
O Carnaval do outro lado
O outro bloco que desfilará pelas
ruas belo-horizontinas é o “Ai que saudade do meu ex”. Apoiando o ex-presidente
Lula, o cortejo se concentrará na Praça Duque de Caxias, na região Leste. A ideia
para o movimento surgiu logo após o julgamento do petista, com a intenção de
protestar. “Juntamos militantes, não somente do PT, para a organização. O movimento está aberto a
receber todos aqueles que acreditam na inocência do Lula. Por isso a ideia de
fazer um bloco e continuar na resistência”, comenta uma das organizadoras, Andréa Cangussú.
Mesmo com a política latente, o Carnaval não é deixado de lado pelo "Ai que saudade do meu ex". O bloco contará com bateria e música produzida pelos próprios foliões. "É uma coisa muito aberta, as pessoas podem levar
seus instrumentos. Tudo vai acontecer de forma bem espontânea. A ideia é reunir pessoas com o mesmo ideal, sem embates e conflitos. Afinal, o Carnaval é um momento de festa e muito democrático", afirma a militante.