Projeto Janela Aberta propõe reforma de edifícios históricos do Hipercentro
A proposta une arquitetos, professores, políticos e representantes da sociedade civil para a reforma do Sulacap e Sulamérica
Um novo projeto coletivo pretende reformar os
edifícios Sulacap e Sulamérica, localizados no quarteirão formado pela avenida
Afonso Pena, rua da Bahia e Tamóios. Tombadas como patrimônio cultural da
cidade, as duas edificações são consideradas símbolos da arquitetura da
primeira metade do século 20 e chamam a atenção no Hipercentro da capital. A
iniciativa, denominada de Janela Aberta, será apresentada oficialmente na
próxima quarta-feira (12), no edifício Acaiaca.
A proposta une arquitetos, urbanistas, professores, políticos e representantes da sociedade civil. As metas são conseguir recursos financeiros suficientes para adquirir a área onde foi erguido o anexo que modificou os dois prédios históricos e suprimiu a Praça da Independência, além de demolir a construção da década de 1970 e requalificar o espaço. Para isso, será promovido um concurso de arquitetura que será responsável por definir como será a restauração do local onde antes havia a praça.
O projeto
O tombamento dos dois edifícios, aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, não contempla o anexo que o Janela Aberta pretende demolir. O projeto original do Sulacap e do Sulamérica é da década de 1940, de autoria do arquiteto italiano Roberto Capello. Trinta anos depois, em 1970, a Câmara Municipal autorizou a construção do anexo comercial, que desfigurou a fachada das duas edificações.
Os participantes do Janela Aberta acreditam que a requalificação dos prédios-irmãos, tombados desde abril de 2015, será um indutor de restauração e reocupação do Hipercentro da capital, que enfrenta, já há alguns anos, um processo contínuo de deterioração. A partir da restauração dos edifícios projetados por Capello, a expectativa é que outros imóveis históricos da região central sejam reformados.
A proposta é convidar representantes de todos os movimentos sociais e culturais que atuam no Hipercentro para se unir em torno do Janela Aberta, para que o projeto seja realmente coletivo e representante da diversidade na cidade. O primeiro passo neste sentido será a apresentação da campanha. A partir daí os esforços se concentrarão na mobilização social e na busca de verbas para que a proposta se torne realidade e o processo de requalificação do Sulacap e do Sulamérica se concretize.
História
As torres do Sulacap e do Sulamérica, cada uma com 15 andares, foram erguidas em substituição ao Edifício Sudameris, que abrigava a sede dos Correios, transferida para o prédio ao lado da PBH. Capello projetou o Sulamérica como uma construção de uso misto, com apartamentos e lojas, uma inovação para a época. Foi a primeira torre a ser inaugurada, em 1946. Já o Sulacap, voltado apenas para o uso comercial, foi inaugurado em 1947.
O que mais chama a atenção no projeto original é a harmonia dos prédios com o entorno. Mesmo ocupando um quarteirão inteiro, as edificações se integram à paisagem local, ao Viaduto Santa Tereza e ao acesso à Região Leste da capital.
Em 1970, foi erguido o anexo comercial no local, o que modificou a fachada do Sulacap e do Sulamérica e acabou extinguindo a Praça Independência.