Com apenas 856 habitantes, a cidade se destaca pela tranquilidade e preserva o charme da vida simples no interior
Serra da Saudade não registra homicídios a 6 décadas.
Localizada em Minas Gerais, Serra da Saudade mantém o título de menor município do Brasil em número de habitantes. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou, em 2025, um total de 856 moradores, dois a mais que no ano anterior. Assim, a cidade continua na mesma posição que ocupa há 12 anos, desde que ultrapassou Borá, em São Paulo, no ranking demográfico.
Apesar de ter poucos moradores, Serra da Saudade surpreende pelo tamanho de seu território. O município possui 335,6 quilômetros quadrados, área até maior que a de Belo Horizonte, que tem 331,4 quilômetros quadrados. Nas últimas eleições, a prefeita Neusa Ribeiro, do Progressistas (PP), conquistou 91,63% dos votos válidos, enquanto Derli Donizete obteve 8,37%. Esse resultado confirma a forte aprovação da administração local.
Serra da Saudade abriga uma série de curiosidades que demonstram seu cotidiano tranquilo e o vínculo entre seus moradores. Uma única família representa cerca de 5% da população, o que reforça o clima de proximidade e convivência familiar. Além disso, a festa de aniversário da cidade reúne todos os habitantes em uma celebração marcante, com um bolo preparado em quantidade suficiente para servir toda a comunidade.
A Rua Rio de Janeiro, localizada no Bairro São Geraldo, possui apenas uma casa, o que ilustra a baixa densidade populacional e a paz que predomina no local. Outro fato interessante é a ausência de um posto de combustíveis. Por isso, os moradores precisam percorrer 15 quilômetros até Estrela do Indaiá para abastecer seus veículos, o que exige planejamento e organização, especialmente em situações de emergência.
A cidade também não conta com farmácia. Entretanto, a prefeitura garante o fornecimento de medicamentos essenciais, o que assegura o acesso aos cuidados básicos de saúde. Dessa forma, mesmo com estrutura simples, Serra da Saudade mantém a qualidade de vida de seus habitantes.
Serra da Saudade já fez parte de Dores do Indaiá, cidade que surgiu no início do século XX. Naquela época, tropeiros e fazendeiros da região doaram terrenos para a construção de uma estrada de ferro. A ferrovia, inaugurada em 1925, ligava Belo Horizonte a Paracatu e impulsionou o surgimento das primeiras moradias de trabalhadores ferroviários. Desse modo, o pequeno povoado começou a se formar.
Com o passar dos anos, o município ganhou importância regional. Durante a construção de Brasília, Serra da Saudade serviu como ponto de parada para viajantes que transportavam materiais destinados à nova capital federal. Em 1963, o distrito conquistou sua emancipação e tornou-se um município autônomo. Desde então, a cidade cresceu de forma lenta, mas preservou o ambiente acolhedor e o estilo de vida simples que a caracterizam.
A infraestrutura de Serra da Saudade é modesta, porém eficiente. O município se divide em dois bairros, Centro e São Geraldo, e oferece Wi-Fi gratuito na área central, especialmente ao redor da praça principal, onde os moradores costumam se reunir.
A tranquilidade reina no município. Não há registros de homicídios há pelo menos 50 anos, e os índices de criminalidade permanecem extremamente baixos. Segundo informações da Polícia Militar, o último homicídio ocorreu há cerca de seis décadas. No ano passado, foram apenas dois furtos registrados. Já neste ano, houve um furto de celular durante uma festa, mas o aparelho foi rapidamente recuperado. Além disso, não há registros de roubos há muitos anos, o que reforça o sentimento de segurança entre os moradores.
O município possui um posto de saúde para atendimentos básicos, mas não conta com hospital. Por esse motivo, os moradores buscam serviços especializados em cidades próximas, como Dores do Indaiá. O comércio local, embora pequeno, atende às necessidades da população. Serra da Saudade abriga dois supermercados, uma padaria, uma loja de roupas, uma casa lotérica e sete bares, que funcionam também como pontos de convivência e lazer.
Assim, mesmo com poucos recursos e estrutura simples, a cidade mantém um equilíbrio entre funcionalidade e qualidade de vida.