Visita guiada ao Cemitério do Bonfim acontece no último domingo de cada mês, promovendo necroturismo na capital mineira
* Por Duda Sperandio e Leticia Moreira
Já pensou em fazer uma visita guiada por um dos cemitérios mais emblemáticos de Belo Horizonte, aprendendo sobre a história da cidade por meio dos túmulos das personalidades que passaram por aqui? Pois é! Na capital mineira, é possível realizar necroturismo e conhecer muito mais sobre a história do lugar.
Uma iniciativa da Prefeitura, por meio da Fundação de Parques Municipais (FPM) e em parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), promove visitas guiadas ao Cemitério do Bonfim no último domingo de todo mês. A próxima acontece no dia 29 de junho.
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Guiada pela historiadora e professora Marcelina Almeida, a visita passa por túmulos de figuras icônicas que nomeiam os bairros, ruas e monumentos de BH, como Padre Eustáquio, Olegário Maciel, Silviano Brandão, Benedito Valadares e Roberto Drummond.
Além de revelar a riqueza arquitetônica do cemitério, a visita gratuita ainda dá destaque à história e cultura de BH, apresentando obras de arte de algumas das personalidades enterradas no local e casos curiosos.
“A promoção das visitas vem contribuindo para mostrar o cemitério além da utilização comum. Ele pode ser também um lugar de cultura e muita história. Quem for à visita guiada vai encontrar um espaço singular, com um acervo riquíssimo que não pode ser visto em outro lugar”, destaca Marcelina Almeida, guia e fundadora do projeto, à PBH.
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De acordo com a professora, ao se contar a história de um cemitério, também se conta a narrativa de uma sociedade e do contexto histórico no qual ela foi construída, especialmente da maneira como lida com os mortos. “Acho que isso é um dos pontos de maior curiosidade das pessoas dentro do projeto”, explica.
Apesar de curiosas, as visitas turísticas a cemitérios não acontecem só em BH e são muito comuns em outras partes do mundo. O Cemitério de Père Lachaise, em Paris, por exemplo, é um ponto turístico famoso na capital francesa, abrigando arte, jazigos e túmulos de personalidades como Jim Morrison, Allan Kardec, Proust, Chopin e Oscar Wilde. Em Buenos Aires, na Argentina, o Cemitério de La Recoleta também é visitado para o necroturismo.
O projeto surgiu lá em 2012, a partir de uma prática pedagógica de Marcelina Almeida, que sempre levava os alunos da UEMG para conhecerem o Cemitério do Bonfim. À época, o projeto de ampliar a iniciativa à sociedade foi apresentada para a Fundação de Parques Municipais, que acreditou na potência educativa e aceitou.
Desde então, as visitas são realizadas no último domingo de cada mês, a partir das 9h, e cada uma delas tem um tema diferente. Gratuitamente, as inscrições podem ser feitas:
As visitas são suspensas apenas durante o período de férias de janeiro e dezembro e as turmas são de até 40 pessoas. A organização do passeio recomenda que os participantes usem roupas e sapatos confortáveis, além de chapéu ou boné, e levar uma garrafa de água ou copo para encher nos bebedouros do local.
Confira o calendário completo de visitas deste ano:
A iniciativa, inclusive, já recebeu o “Prêmio Mestres e Conselheiros”, durante o VI Fórum Mestres e Conselheiros Agentes Multiplicadores do Patrimônio, que aconteceu entre 4 e 6 de junho de 2014, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O Cemitério do Bonfim foi inaugurado em 8 de fevereiro de 1897, sendo a necrópole mais antiga da cidade. O local abriga um acervo histórico, com esculturas e mausoléus, o que atrai a atenção de diversos pesquisadores. Algumas dessas obras — que abrangem períodos diversos, indo da Belle Èpoque ao Art Deco e ao modernismo brasileiro — foram produzidas por escultores italianos que vieram ao Brasil no século XIX.
Além dessas produções, durante a visita, ainda é possível observar os túmulos de personalidades que foram sepultadas no local, como:
De acordo com a PBH, os túmulos mais visitados do cemitério são os de: