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Belo-horizontinos ficam 202 horas presos no trânsito por ano

Pesquisa mostra que BH é a terceira cidade com mais congestionamentos do Brasil



Créditos da imagem: Yan Luca/Shutterstock
Main transito shutter
Júlia Alves
11/03/19 às 21:38
Atualizado em 18/08/20 às 18:30

Quantas horas por dia você passa no trânsito? Segundo uma pesquisa feita pela empresa norte-americana INRIX, que analisa o trânsito e a mobilidade urbana nas principais capitais do mundo, o belo-horizontino ficou 202 horas, ou pouco mais de 8 dias, parado no tráfego em 2018. Belo Horizonte também figura como a 18ª cidade mais congestionada do mundo, sendo a terceira do Brasil, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Apesar de não ser a capital com mais congestionamentos, BH se ‘sagrou’ a campeã de tempo perdido dentro de um veículo no trânsito brasileiro, conseguindo ganhar das duas com as maiores frotas de veículos no país. Segundo dados do IBGE, em 2016, SP tinha mais de 7,8 milhões de automóveis nas ruas, já o Rio contava com 2,7 milhões. Em BH eram cerca de 1,8 milhões, ocupando a terceira posição no ranking nacional.

Muito tempo perdido atrás do volante

Mas, por que Belo Horizonte é a cidade brasileira em que as pessoas ficam mais tempo paradas no trânsito? Para chegar ao resultado, a INRIX contabilizou o tempo gasto pelos motoristas nas vias da cidade nos períodos de pico e comparou com os períodos de menos movimentação (confira a pesquisa completa aqui e os dados de BH aqui). Para o engenheiro Ivan Araújo, professor de Planejamento de Sistemas de Transporte e Praça Urbanas da PUC Minas, a mistura de planejamento deficiente e falta de consciência das pessoas pode ser umas das razões.

“O problema de mobilidade em BH se deve muito à falta de espaço na cidade e nas vias para comportar a quantidade de carros. E isso é agravado pela preferência das pessoas em usar o transporte individual, principalmente porque o público não é atrativo. Inclusive, muitos usuários do ônibus, por exemplo, migram para as motocicletas, por ser mais barata e rápida. Todos essas combinações de fatores saturaram o trânsito de BH”, comenta o especialista.

Com milhões de veículos nas ruas, vias pouco espaçosas e falta de planejamento, fica cada vez mais difícil se locomover pela capital e optar pela alternativa mais rápida e confortável é muito tentador.


Crédito da imagem: Adão de Souza

Zonas quentes

Devido à densidade populacional, as grandes capitais e suas regiões metropolitanas registram esses grandes fluxos nas vias, principalmente nos horários de pico. Mas a velocidade dentro do perímetro urbano pode ser um agravante no tempo gasto pelo belo-horizontino no trânsito. Na pesquisa da INRIX, a média de velocidade nas vias de BH é de 12 Km/h. Em comparação, em SP a média é de 16 Km/h, no Rio, 20 Km/h.

Segundo o engenheiro, em BH, a velocidade média do BRT, por exemplo, é de 20 a 30 Km/h. Já a velocidade de algumas outras linhas não passa dos 15 Km/h. Além disso, existem aqueles corredores que concentram a maior parte do fluxo. De acordo com a BHTrans, mesmo a empresa não fazendo a medição do congestionamento na capital, alguns locais são identificados por seus pontos de lentidão e alto tráfego como: área central, as avenidas Antônio Carlos, Nossa Senhora do Carmo, Cristiano Machado, Amazonas, Afonso Pena, o Complexo da Lagoinha e outros corredores de acesso à região central.

Como é possível melhorar?

Para melhorar a situação é necessário um conjunto de estratégias e, claro, tempo. A atuação do governo municipal, com o apoio do estadual e federal pode minimizar, ou até mesmo sanar, problemas crônicos do tráfego nas grandes metrópoles brasileiras. Para o especialista, opções como o transporte alternativo, uma frota e linhas de ônibus mais eficazes e planos de mobilidade que focam em diferentes formas de se locomover pela cidade podem contribuir para isso.

“As pessoas também precisam perceber que o transporte público é uma alternativa. Mas tudo depende das políticas públicas voltadas para melhorar o transporte coletivo. Existem medidas imediatas que podem contribuir, como o pedágio urbano, que acaba dificultando o uso do carro dentro da cidade. O Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob) de BH prioriza o transporte por ônibus, além de focar nas alternativas, como bicicletas”, conta o professor.

Para Ivan, os aplicativos de transporte, as rotas alternativas, as bicicletas e patinetes compartilhadas e grupos de carona nas redes sociais também são algumas formas de reduzir os impactos do trânsito na vida dos belo-horizontinos. Mas, por enquanto, são pequenos passos no grande engarrafamento da cidade.