Entenda como a falta de saneamento básico influencia na disseminação da covid-19
De acordo com relatório, metade dos brasileiros ainda não têm acesso ao serviço
De acordo com dados do Ranking do Saneamento 2020, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, que aborda os indicadores de água e esgotos nas maiores cidades do país, quase 100 milhões de brasileiros não possuem cobertura da coleta de esgoto e 35 milhões não têm acesso a água tratada. Com a pandemia do novo coronavírus, os problemas enfrentados por essas regiões só se agravaram, atingindo as populações mais carentes que residem nestes espaços urbanos.
A definição de saneamento básico, segundo o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Francisco José Piza, é "um conjunto de ações relacionadas ao meio ambiente e saúde preventiva", que promovem qualidade de vida para a população, e inclui o abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de água pluvial e de resíduos sólidos.
Para a professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM, Camila Sacchelli Ramos, a falta de saneamento básico compromete uma das principais recomendações de prevenção contra a covid-19: lavar as mãos.
"Sem água tratada, a população é muito mais atingida por doenças que dependem de adequada higiene pessoal e alimentar, como lavar as mãos antes de comer ou após usar o banheiro", afirma a professora.
De acordo com Camila, a falta de tratamento ainda causa a impossibilidade de higienização de mercadorias adquiridas no comércio e aumenta o risco de contaminação de lagos, rios e represas que passam por esses locais sem tratamento, pois há estudos que confirmam a presença da covid-19 nas fezes de pacientes infectados. Dessa forma, a população de outras classes sociais também acaba sendo afetada.
Para a professora, cabe às empresas de saneamento medidas que colaborem para o controle do novo coronavírus, como assegurar que a água que chega à população esteja livre do vírus, tanto no percurso quanto no destino final, e realizar o tratamento adequado de esgoto, principalmente dos hospitais onde se tem alta concentração de pessoas infectadas, para que não haja, inclusive, a contaminação do meio ambiente.