Maioria das salas se concentra em grandes centros; três cidades estrearam suas primeiras unidades em 2024
Dados da Ancine mostram concentração em shoppings e capitais, enquanto cidades pequenas seguem desassistidas
Minas Gerais é o terceiro estado com mais salas de cinema do Brasil. São 272 salas em funcionamento, de acordo com o Informe Anual 2024 da Ancine.
O número é expressivo, mas esconde um problema antigo: a maioria das cidades mineiras ainda vive distante da experiência de ver um filme na telona.
Em cidades como Mariana, Monte Carmelo, Diamantina ou Caxambu, uma única sala atende toda a população. Em outros 800 municípios mineiros, sequer há cinema.
Isso significa que moradores de dezenas de regiões precisam viajar para conseguir assistir a um lançamento no cinema. O cenário contrasta com BH, que concentra 76 salas de cinema, mais de um quarto de todas as salas do estado.
Contagem e Juiz de Fora, cidades de grande porte, também têm estruturas robustas, com 19 e 13 salas, respectivamente. Já cidades como Uberaba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, somam juntas 27 salas.
Em 2024, cinco novas salas foram inauguradas em Minas. Três delas em municípios que nunca haviam tido uma sala antes. Moradores de Monte Carmelo, por exemplo, passaram a ter acesso ao cinema dentro da própria cidade. Até então, era preciso se deslocar para Patrocínio ou Araxá.
São aberturas que mudam o cotidiano. Em lugares onde antes o cinema era só parte da memória ou da TV, ele agora passa a ser ponto de encontro, lazer e formação. Mesmo com apenas uma ou duas salas, o impacto é sentido por toda a comunidade.
O estado tem, em média, uma sala para cada 78 mil habitantes. É mais do que a média nacional, que é de uma sala para 60 mil pessoas.
O dado mostra que, apesar de Minas figurar entre os estados com maior número absoluto de salas, o acesso ainda é desigual e distante da realidade de boa parte da população.
Em um território com 853 municípios, a maior parte deles pequenos, o cinema ainda é privilégio.
A maioria das novas salas continua sendo inaugurada em shopping centers, o que reforça um modelo de consumo que nem sempre dialoga com as dinâmicas de cidades menores.
