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Mostra traz obras inéditas em BH da cineasta e ativista norte-americana Camille Billops

Seis obras da cineasta serão exibidas gratuitamente no Cine Santa Tereza entre os dias 15 e 20 de outubro



Créditos da imagem: Um colar de pérolas - Camille Billops e James V. Hatch
Main camille
Filme Um colar de pérolas (2002), de Camille Billops, integra mostra com trabalhos da artista
Pedro Grossi
14/10 às 21:56
Atualizado em 14/10 às 22:07

Entre os dias 15 e 20 de outubro (terça a domingo), o Cine Santa Tereza (rua Estrela do Sul, 89 - Santa Tereza), recebe, pela primeira vez em Minas Gerais, a Retrospectiva Camille Billops, oportunidade rara de conhecer a obra da cineasta, artista e arquivista norte-americana que revolucionou o cinema documental com suas abordagens ousadas e autobiográficas. O ingresso é gratuito e disponibilizados no Sympla e meia hora antes de cada sessão. A programação completa está disponível na página da mostra no Instagram. 

Entre os filmes exibidos estão Suzanne, Suzanne (1982), Mulheres mais velhas e o amor (1987), Encontrando Christa (1991) — premiado no Festival de Sundance —, A boutique KKK não é apenas de caipiras (1994), Pegue suas malas (1998) e Um colar de pérolas (2002). A programação inclui, além de exibições com medidas de acessibilidade, um livreto virtual com textos inéditos, e três mesas de debate com pesquisadoras e realizadoras convidadas, que trarão reflexões sobre a atualidade das obras e sua conexão com questões pertinentes às artes negras, estudos de cinema, feministas e  autobiográficos.

Obra inédita em Minas

A curadoria, assinada por Carla Italiano e Janaína Oliveira, conta ainda com sessões de diálogos que expandem e aprofundam as obras de Billops e Hatch, exibindo sete filmes de outras autorias, épocas e países, alguns inéditos no país, com destaque para a produção belorizontina de diretoras mulheres. Carla Italiano reforça a importância de trazer essa obra para Belo Horizonte: “É uma honra e um prazer finalmente apresentar a obra de Camille Billops para o público mineiro. Seus filmes, que são fruto de uma parceria criativa de décadas com o historiador, dramaturgo e cineasta James V. Hatch, têm uma conexão profunda com questões afrodiaspóricas e feministas que ressoam fortemente no contexto contemporâneo brasileiro. Ela foi uma artista multidisciplinar, cuja obra explora o familiar e o pessoal para refletir sobre amplas questões sociais e históricas, criando uma ponte com o presente".

Sobre Camille Billops

Camille Billops (1933-2019) foi uma figura central na cena artística e ativista dos Estados Unidos, destacando-se como cineasta, escultora, fotógrafa e arquivista. Seu trabalho surge em um contexto de luta pelos direitos civis e da ascensão do movimento de artistas negros nos anos 1960. Ao lado de James V. Hatch, Camille fundou a Hatch-Billops Collection, um vasto acervo dedicado à preservação da cultura negra, que reúne milhares de arquivos, histórias orais, documentos e fotografias, sendo hoje um dos mais importantes dos Estados Unidos. Seu cinema é marcado pela abordagem direta e provocativa de temas como racismo, gênero e memória familiar, sempre explorando a interseção entre o pessoal e o político. Encontrando Christa (1991), um dos seus filmes mais conhecidos, venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, sendo a primeira vez que uma diretora negra recebeu essa premiação. Seu legado inclui, ainda, uma profunda influência no cenário artístico afro-americano, onde, por meio de filmes, arte e ativismo, Camille desafiou as estruturas tradicionais da narrativa cinematográfica e ampliou o espaço de representação para artistas negros.

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