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UFMG vai abrir inscrições em maio para curso de Letras-Libras

Trinta estudantes vão ingressar no segundo semestre deste ano


Créditos da imagem: José Cruz/Agência Brasil

Redação Sou BH

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23/04/19 às 18:57
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O edital de abertura do primeiro
vestibular específico para seleção de candidatos ao curso de licenciatura em
Letras-Libras foi publicado no Diário Oficial da União
e no 
site da Comissão Permanente de Vestibular (Copeve).
Criado no fim do ano passado pela Faculdade de Letras, o 
91º curso de graduação da
UFMG vai oferecer 30 vagas, sendo 25 para candidatos surdos e cinco para
ouvintes, com entrada no segundo semestre deste ano. 

As inscrições devem ser feitas pela internet entre os dias 21 de maio e 7 de junho.O valor da taxa de participação é de R$ 125. Confira o edital.  

Em 2002, a Lei 10.436 reconheceu
a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e
expressão da comunidade surda, que representa 5,1% da população brasileira, com
9,7 milhões de pessoas, de acordo com último censo do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010. Desse total, mais de dois
milhões têm deficiência auditiva severa e um milhão são crianças e jovens até
19 anos. 

A expectativa dos coordenadores
do colegiado do curso Letras-Libras, Giselli Mara da Silva e Guilherme Lourenço
Souza, é de que a nova formação prepare docentes para atuarem, especialmente,
nas escolas de educação básica, atendendo a uma demanda formal da Secretaria de
Estado de Educação de Minas Gerais, enviada à UFMG, em 2015. A rede estadual
atende 1.530 alunos surdos, 1.456 com alguma deficiência auditiva e 11
surdocegos, a maior parte em escolas regulares inclusivas.

Acessibilidade e protagonismo

O vestibular específico, cujo edital foi aprovado no dia 9 de abril pelo
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), terá provas em Libras e Língua
Portuguesa. Na avaliação da professora Giselli, essa é uma condição
estabelecida desde o início da concepção do curso, que favorece a
acessibilidade e a inclusão de membros da comunidade surda na formação e o seu
protagonismo na futura atuação como professores da língua de sinais.

Os candidatos – surdos e ouvintes
– também concorrerão nas modalidades de vagas para cotistas e pessoas com
deficiência e farão provas em Libras sobre conhecimentos das disciplinas
escolares (geografia, história, matemática, física, química e biologia) e
conhecimentos gerais sobre língua de sinais e surdez. A Língua Portuguesa terá duas
provas diferentes, sendo uma para os candidatos surdos, que têm o português
como segunda língua, e outra para os candidatos ouvintes.

“Como a maioria das aulas será
ministrada em Libras, o vestibular vai avaliar, simultaneamente, a fluência do
candidato na língua de sinais e os conhecimentos gerais sobre as demais
disciplinas escolares”, observa Guilherme Lourenço.

Atualmente, quadro docente
qualificado na área de Libras da Faculdade de Letras conta com cinco
professores, sendo quatro doutores e um mestre. “Os profissionais atuarão no
ensino de Libras tanto para pessoas ouvintes, que querem aprender a Libras como
segunda língua, quanto para crianças surdas, que têm direito de fazer seu
percurso escolar com disciplinas na sua língua materna, a língua de sinais”,
observa Lourenço.  

O curso vai contemplar três
grandes eixos: Formação Linguística, com disciplinas sobre a língua de sinais,
sua estrutura, gramática e aquisição; Literatura e Artes Surdas, com conteúdos
sobre literatura surda e os aspectos culturais da comunidade; Formação Pedagógica
dos Futuros Profissionais, a partir da junção de todos esses conhecimentos e
sua aplicação no ensino da Libras. A produção de material pedagógico para
ensino de Libras na educação básica será outra frente pedagógica.

Além dos professores Giselli
Silva e Guilherme Lourenço, compõem a área de Libras da Faculdade de Letras as
docentes Michelle Murta, Rosana Passos e Elidéa Bernerdino, que coordena o
Núcleo de Estudos sobre Libras, Surdez e Bilinguismo (NELiS).