Gruta recebe nesta quarta a primeira sessão do ano, com Dorothé Depeauw e Shari Simpson
Há dez anos, dois músicos da cena de Belo Horizonte decidiram que o calendário cultural da cidade precisava de um espaço fixo para a música feita de improviso. Munidos de instrumentos de cordas, pedais de efeitos e uma tábua de madeira amplificada – que produz sons a partir da interação com outros objetos – Matthias Koole e Henrique Iwao queriam semear no público da capital o gosto pelo experimental ao vivo. “Matthias e eu queríamos continuar nossos trabalhos de improvisação e experimentações musicais em BH. Era 2013 e propomos ser a banda da casa de algum bar, tocando sempre às quartas, para criar público”, recorda Iwao.
Sem pretensão, a dupla acabou fundando o Quartas de Improviso, um dos projetos mais duradouros da música experimental no país, que estreia sua 16ª temporada neste 1º de fevereiro com show na Gruta. “Com isso, fomentamos a cena da experimentação em arte na cidade e fizemos um tanto de gente descobrir que dava para fazer música sem pré-composição, na hora, música baseada no estilo pessoal e na interação”, observa Iwao.
Depois que o projeto se firmou, os músicos passaram a receber convidados interessados em experimentação. A interação entre artistas, guiada pelo que havia em comum na arte dos anfitriões e de seus colaboradores, conquistou um público fiel e fez o Quartas de Improviso alcançar a marca de 169 apresentações até o ano passado, com 237 convidados de diferentes áreas, inclusive profissionais que não trabalham diretamente com arte. Focado na troca de conhecimento e na construção a partir dela, o projeto de música já recebeu pessoas com experiência em áreas diversas como geologia, matemática e biologia. É possível conferir as edições anteriores do Quartas pelo Youtube (neste link) ou nesta coleção de áudio mantida pelo selo Seminal Records.
Na temporada deste ano, com oito apresentações programadas, a troca com outros campos de conhecimento vai ainda mais longe. “Além dos encontros entre artes, vamos trabalhar a interação do improviso com os ofícios e também com os jogos. Teremos, por exemplo, a presença de Bete Rosa, que é manicure, e vai propor uma conversa entre o trabalho que exerce com as sonoridades desenvolvidas por Henrique Iwao. Outra presença aguardada é a do rapper Matéria Prima, que alternará as improvisações de poesia de rua com suas habilidades de massagista enquanto dialoga com as improvisadoras e improvisadores”, explica Marco Scarassatti, músico residente do Quartas.
Para a estreia da 16ª temporada do Quartas de Improviso, os artistas residentes Scarassatti e Iwao recebem a bailarina e dançarina experimental Dorothé Depeauw e a flautista, doutora em performance Musical pela Universidade de Aveiro, Shari Simpson. Dorothé pesquisa dança, música e psicanálise, enquanto Sahri é um dos talentos que compõem atos musicais na capital como a banda Tutu com Tacacá, os grupos de choro QuartetA e Abre a Roda, a fanfarra Sagrada Profana e a Flutuar Orquestra de Flautas.
Quartas de Improviso
Iwao-Scarassatti recebem Dorothé Depeauw e Shari Simpson
Quarta-feira (1º/2) às 19h30 na Gruta (Rua Pitangui, 3613c – Horto)
Entrada gratuita
Mais informações pelo Instagram do projeto