Mostra 'Arte Subdesenvolvida', em cartaz de 28 de agosto a 18 de setembro, traz mais de 130 peças de nomes como Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Portinari e Lygia Clark
O CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários) inaugura no próximo dia 28 de agosto (quarta-feira) a exposição ‘Arte Subdesenvolvida – O Brasil do Século XX’, com mais de 130 peças produzidas entre as décadas de 1930 e 1980 por mais de 20 grandes artistas brasileiras, como Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Cildo Meireles, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Randolpho Lamonier e Solano Trindade. A exposição fica em cartaz até 18 de novembro (sábado). A entrada é gratuita mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site ccbb.com.br/bh.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países do chamado ‘Terceiro Mundo’ passaram a ser denominados ‘subdesenvolvidos’. No Brasil, artistas reagiram ao termo, combatendo a expressão. O conceito de subdesenvolvimento durou cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa.
O primeiro eixo da exposição, ‘Tem Gente com Fome’ apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. “São de 1930 e 1940 e os artistas começam a colocar essa questão em pauta”, afirma Moacir dos Anjos.
No segundo eixo, ‘Trabalho e Luta’ haverá uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, entre outras regiões do Brasil onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.
Já o terceiro bloco se divide em dois. Em ‘Mundo e Movimento’, a política, a cultura e a arte se misturam de forma radical”, explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião.
O último eixo da mostra, ‘O Brasil é Meu Abismo’, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. “São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto”, conta o curador.
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