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Maju Coutinho fará a abertura do 1º Congresso Nacional de Jornalistas Negras e Negros

Evento é promovido pelo Coletivo Lena Santos, de Minas Gerais, e busca discutir e refletir sobre a participação de profissionais negros no jornalismo brasileiro


Créditos da imagem: Reprodução TV Globo
A construção de toda a programação do Congresso Lena Santos procurou também ter um equilíbrio na questão de gênero. Buscou-se, então, o nivelamento igualitário entre homens e mulheres. Além disso, foi identificado a discussão sobre pessoas trans no jornalismo, que ainda é incipiente, mas o que não impediu a procura por essa representatividade

Redação Sou BH

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11/05/21 às 11:58
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Mais da metade da população
brasileira é negra: 56%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nas redações, as estatísticas não acompanham essa realidade e não respondem nem
por um quarto (23%) dos profissionais da imprensa, de acordo com o Perfil do
Jornalismo Brasileiro, um trabalho coletivo da Rede de Estudos sobre Trabalho e
Identidade dos Jornalistas (RETIJ), vinculada à Associação Nacional dos
Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Os dados são da última pesquisa,
realizada em 2012, que está sendo atualizada em 2021. Outra estatística, ligada
ao acesso à educação, pode ajudar a explicar essa baixa presença: entre jovens
brancos de 18 e 24 anos, 35,7% cursam ensino superior. Para os negros, essa
fatia cai para 18,9%, segundo recorte da Síntese dos Indicadores Sociais
(SIS/2020), do IBGE.  Com o objetivo não só
de discutir, mas apresentar caminhos para combater essa desproporcionalidade, o
Coletivo Lena Santos promoverá,
entre os dias 14 e 16 de maio, o 1º
Congresso Nacional de Jornalistas Negras e Negros. 

O evento será uma oportunidade
para profissionais de comunicação e, principalmente do jornalismo brasileiro,
refletirem sobre a presença, participação e desafios dos profissionais negros
nas redações espalhadas pelo Brasil. Com a participação de personalidades como
Manoel Soares (Rede Globo), Flávia Oliveira (O Globo/CBN/GloboNews), Flavia
Lima (atual ombudsman da Folha de S. Paulo) entre vários outros destaques do
mercado jornalístico e acadêmico, o congresso foi dividido em nove mesas de
debates. Os interessados poderão acompanhar toda a programação pelo Youtube no
canal do coletivo e se inscreverem pelo Sympla.

“Os nomes negros no jornalismo
brasileiro não deixam dúvida que tivemos participação fundamental na
constituição da imprensa brasileira desde os primeiros anos de uma imprensa
oficial no Brasil. No entanto, por reveses históricos, anos após anos foi dito
que o jornalismo não era o nosso lugar. Nunca, porém, essa negativa foi aceita,
a despeito da dificuldade e da falta de espaço, não desistimos de ocupar as
redações”, diz Márcia Cruz, jornalista do jornal Estado de Minas e idealizadora
do Congresso Lena Santos.

A discussão dentro do Coletivo
para promover um debate amplo sobre a negritude no jornalismo partiu após o
grupo discutir sobre o número recorde de negros na edição 21 do “Big Brother
Brasil”, da TV Globo. A proposta de criação do Congresso foi então apresentada
por Márcia, abraçada pelo coletivo e, então, se formou uma comissão para a
produção do evento.

De Minas teremos a participação
de jornalistas de O Tempo/Rádio Super, Estado de Minas, Rádio Itatiaia, TV
Alterosa,  Rede Globo Minas e Rádio UFMG.
Da mídia negra, profissionais do Alma Preta, Notícia Preta, Negrê e Geledes! Essa comissão se reúne desde
janeiro de 2021 para o planejamento e execução dessa ideia pioneira no
jornalismo brasileiro. Participam os profissionais (em ordem alfabética): Bruno
Torquato, Etiene Martins, Gabriel Araújo, Márcia Maria Cruz, Milena Geovana,
Nelson Nunes, Queila Ariadne, Rafael Francisco, Sandra Flávia e Vinícius Luiz.

A programação

A construção de toda a programação
do Congresso Lena Santos procurou também ter um equilíbrio na questão de
gênero. Buscou-se, então, o nivelamento igualitário entre homens e mulheres.
Além disso, foi identificado a discussão sobre pessoas trans no jornalismo, que
ainda é incipiente, mas o que não impediu a procura por essa
representatividade. “Também quisemos sair das montanhas de Minas e convidamos
colegas de Minas, Rio, São Paulo e Bahia”, ressalta Márcia Cruz.

Confira a agenda completa:

Sexta-feira – 14/05

19h30: Abertura Maju
Coutinho (Rede Globo) – boas-vindas

Zora Tikar Santos (Multiartista e pesquisadora de comida afro-mineira)
– Conhecendo Lena Santos Márcia Maria Cruz (Estado de Minas/Coletivo Lena
Santos/Observatório da Notícia) – Congresso de jornalistas negras e negros.

20h: Conferência Negritude em pauta: onde
está o contraditório no jornalismo? Manoel Soares (Rede Globo). Mediação:
Márcia Maria Cruz (Estado de Minas / Coletivo Lena Santos/ Observatório da
Notícia)

Sábado – 15/05:

10h: Profissionais
negros no jornalismo esportivo: presenças e ausências
Com Henrique Frederico
(Esporte e Raça), Caio Freitas (Central Multimídia Atlético-MG), Rodrigo Franco
(Rede Globo), Ivan Drummond (Estado de Minas) e Eduarda Gonçalves (O Tempo),
Júlio Oliveira (SporTV). Mediação: Josias Pereira (Esporte e Raça / Coletivo
Lena Santos)

14h: Enegrecendo a tela: profissionais
negras e negros no telejornalismo
Com Ethel Corrêa (TV Alterosa), Diego Sarza
(CNN Brasil) e Fabiana Almeida (Rede Globo). Mediação: Etiene Martins (Jornal
Afronta / Livraria Bantu / Coletivo Lena Santos)

16h: Nossa voz – potências periféricas Com
René Silva (Voz das Comunidades) e Valéria Almeida (Rede Globo). Mediação:
Tábata Poline (Rolê nas Gerais / Rede Globo / Coletivo Lena Santos)

18h: Empretecer a cobertura econômica – Uma conversa com Flavia Oliveira (Globo / CBN / GloboNews / Angu de Grilo) Mediação: Edilene Lopes (Rádio Itatiaia / Coletivo Lena Santos)

16/05:

10h: Griot –
Histórias do mestre ao profissional
Com Gloria Metzker, Arnaldo Viana (Estado
de Minas) e Elton Antunes (UFMG). Mediação: Názia Pereira (Coletivo Lena
Santos)

14h: Pesquisa sobre raça, gênero e
jornalismo (Grupo Coragem – UFMG)
Com Rafael Francisco (Coragem UFMG), Eliane
Estevão (Cedecom UFMG/Coletivo Lena Santos) e Tatiana Carvalho Costa (Coragem
UFMG/Coletivo Lena Santos. Mediação com Vivian Campos (Coragem UFMG)

16h: Constituir uma mídia negra no Brasil:
desafios e conquistas
Com Pedro Borges (Alma Preta), Igor Rocha (Notícia
Preta), Larissa Carvalho (Negrê) e Viviane Pistache (Geledés). Mediação:
Gabriel Araújo (Coletivo Lena Santos) e Silvana Monteiro (Coletivo Lena Santos)

18h: Encerramento – Atuação antirracista no
jornalismo brasileiro: perspectivas e caminhos
Com Flávia Lima (Folha de São
Paulo), Arthur Bugre (Rádio UFMG Educativa), Helton Simões Gomes (UOL) e Tiago
Rogero (Vidas Negras / Negra Voz). Mediação: Iaçanã Woyames (Coletivo Lena
Santos)

Sobre o Coletivo Lena Santos

O Coletivo Lena Santos de
jornalistas negras e negros foi criado em 2019 e é composto por profissionais
dos mais variados setores e veículos da imprensa. Tudo começou quando duas
jornalistas mineiras, ao fazerem uma pesquisa sobre vozes negras em
comunicação, identificaram alguns comunicadores atuando em redações e mídias do
estado. Ele nasceu de uma ideia que se multiplicou e hoje constrói laços para
mudar a realidade da comunicação brasileira, sempre com a ideia da construção
de uma comunicação antirracista e representativa. O nome Lena Santos foi
escolhido por meio de votação entre os membros. É uma homenagem a umas das
primeiras jornalistas negras a ocupar uma bancada de jornal no Brasil, ainda na
década de 60, como âncora do Jornal Hoje – Edição Minas