Cultura

5 cinemas de rua que fecharam, mas fizeram história em BH


Créditos da imagem: Reprodução/ Instagram @bh_antigamente
Multidão de pessoas usando trajes formais e chapéus reúne-se em frente ao antigo Cine Pathé, em Belo Horizonte, na primeira metade do século 20. Antigo Cine Pathé, no Centro de Belo Horizonte, em uma época em que estreias cinematográficas transformavam a rua em palco de encontro.

Yasmin Oliveira

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24/11/25 às 16:01 - Atualizado em 24/11/25 às 16:04
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Nos tempos em que os cinemas de rua movimentavam a vida cultural de Belo Horizonte, as salas de exibição espalhadas pelos bairros do Centro, Savassi e Padre Eustáquio se tornaram pontos de encontro para diversos públicos. Assim, as salas eram ambientes de convívio, onde os grandes lançamentos e a arquitetura singular enriqueciam a vivência do público para além da simples exibição de um filme.

Hoje, mesmo que muitas dessas salas tenham desaparecido ou mudado completamente de função, elas continuam vivas na memória coletiva. Dessa forma, revisitar seus endereços significa recontar capítulos importantes da história cultural da capital – um tempo em que ir ao cinema era um ritual social e urbano. Confira 5 cinemas que marcaram gerações e ainda despertam nostalgia:

Cine Pathé

O Cine Pathé marcou a trajetória cultural de Belo Horizonte ao oferecer 750 lugares e ocupar dois endereços distintos. Ele abriu as portas em 1920, na Avenida Afonso Pena, 759, e permaneceu ali por 13 anos. Em seguida, em 1948, ele inaugurou sua nova sede na Avenida Cristóvão Colombo, onde funcionou até 18 de abril de 1999.

Além disso, o cinema resistiu ao declínio das salas de rua e se consolidou como referência em cinema de arte. Embora a fachada exiba sinais de abandono, o patrimônio histórico a protege. O edifício abrigou uma igreja por um tempo e, atualmente, serve como estacionamento.

Endereço: Avenida Cristóvão Colombo, 1.328, Savassi

Cine Metrópole

O Cine Metrópole ocupava a esquina da Rua da Bahia com a Rua Goiás e rapidamente se firmou como um dos cinemas mais prestigiados de Minas Gerais. Ele recebia superproduções hollywoodianas e estreias aguardadas. Inicialmente, o público comparecia às sessões com trajes elegantes e chapéus, transformando a ida ao cinema em uma espécie de evento social.

Entre 1942 e 1983, o Metrópole funcionou como cinema. Antes disso, o prédio abrigava o Theatro Municipal, construído em 1906. Posteriormente, no fim dos anos 1930, Juscelino Kubitschek — então prefeito da capital — solicitou a conversão do estilo eclético para o art déco. Mesmo com protestos da população, as autoridades demoliram o edifício em 27 de maio de 1983 e construíram no local uma agência do banco Bradesco.

Endereço: Rua da Bahia, 951, Centro

Cine Guarani

O Cine Guarani oferecia 454 lugares e funcionava em um prédio art déco projetado por Luiz Signorelli entre 1926 e 1930. Ao longo de sua história, ele adaptou a programação e, em determinado período, privilegiou filmes destinados à elite belo-horizontina.

Com o passar dos anos, o cinema consolidou a reputação de uma das melhores salas de BH em projeção e sonoplastia. Posteriormente, ele buscou atrair o público jovem, exibindo filmes de classificação livre. O Guarani encerrou as atividades em 31 de março de 1980. Depois, o prédio passou por restauração em 2008 e atualmente abriga um posto da Polícia e o Museu Inimá de Paula.

Endereço: Rua da Bahia, 1.189, Centro

Cine Progresso

O Cine Progresso oferecia cerca de 1.400 lugares e integrava um movimentado corredor de exibição nos bairros Carlos Prates e Padre Eustáquio. Entre as décadas de 1960 e 1970, a Região Noroeste concentrou seis salas de cinema, incluindo o Cine Azteca e o Cine São Carlos, que comportava 780 espectadores.

O Cine São Carlos encerrou as atividades em 9 de fevereiro de 1980 e, logo em seguida, em 23 de fevereiro, o Progresso também fechou definitivamente. Posteriormente, nas décadas de 1980 e 1990, o espaço recebeu a boate Phoenix. Atualmente, uma academia de ginástica ocupa o endereço.

Endereço: Rua Padre Eustáquio, 2.545, Padre Eustáquio

Cine Art Palácio

O Cine Art Palácio abriu as portas em 1951, na Rua Curitiba, com 1,2 mil lugares, e logo se firmou como o cinema mais moderno de Belo Horizonte. Além disso, o público lotava suas sessões diárias, que aconteciam de domingo a domingo, das 14h às 22h. Nos anos 1950 e 1960, o espaço também se consolidou como centro de encontro dos cineclubistas. O recém-criado Centro de Estudos Cinematográficos (CEC-MG) instalou-se no segundo andar e montou uma pequena sala para sessões exclusivas aos sábados, onde promovia cursos e debates sobre cinema.

Com o passar dos anos, porém, o Art Palácio entrou em decadência. Em 1983, ele exibia o polêmico “Garganta Profunda”, o que evidenciava sua fase final. Por fim, em 5 de janeiro de 1992, o cinema fechou definitivamente as portas, encerrando uma história que marcou gerações de cinéfilos da capital.

Endereço: Rua Curitiba, 601, Centro