Da Pampulha à Cidade Administrativa, as famosas curvas do arquiteto modernista deslumbram moradores e turistas
Igreja São Francisco de Assis faz parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Pampulha, inaugurado em 1943
Em cada curva de concreto e vidro, Belo Horizonte guarda um pedaço da genialidade do arquiteto Oscar Niemeyer. Foi aqui, ainda no início da carreira, que o carioca nascido em 1907 começou a desenhar as linhas que mudariam para sempre a paisagem da arquitetura moderna brasileira. Da Pampulha à Cidade Administrativa, saiba onde conferir o traço ousado e poético de Niemeyer, que transforma o espaço urbano em galeria a céu aberto.
Leia também:
O roteiro por suas obras pode começar pelo fim — ou quase. A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, inaugurada em 2010, representa o último grande projeto de Niemeyer em Minas Gerais. Planejado para concentrar as secretarias e órgãos do governo estadual, o complexo impressiona pela leveza monumental de suas estruturas, que abrigam um dos maiores prédios de concreto suspenso do mundo.
Foi na Pampulha, contudo, que Niemeyer e Belo Horizonte se amaram mais intensamente. Em 1943, o arquiteto, ao lado de Juscelino Kubitschek, então prefeito da cidade, concebeu o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Pampulha, um projeto visionário que uniu arte, natureza e urbanismo como nunca antes se havia visto. O Museu de Arte, a Casa do Baile, o Iate Tênis Clube, a Casa Kubitschek e a icônica Igreja de São Francisco de Assis formam o conjunto reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, símbolo da modernidade e do espírito criador de uma geração.
Pensada originalmente como vitrine da modernidade e do turismo de Belo Horizonte, a Pampulha se transformou em um refúgio cultural para a população, e sua influência ultrapassou as margens da lagoa: a ideia de integrar arte e natureza inspirou, décadas depois, projetos como o Instituto Inhotim, em Brumadinho, hoje um dos maiores museus de arte contemporânea a céu aberto do mundo.
No entanto, a presença de Niemeyer não se limita à Pampulha. Em diferentes pontos da cidade é possível seguir seus rastros. Na Praça Raul Soares, o Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek se impõe com suas formas geométricas. Na Praça da Liberdade, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e o elegante Edifício Niemeyer, de curvas que desafiam a verticalidade tradicional, são marcos de seu estilo inconfundível.
No Centro, a antiga Sede do Banco Mineiro de Produção, na Praça Sete, e a Escola Estadual Milton Campos (Colégio Estadual Central), no Lourdes, completam o mosaico de obras que transformaram Belo Horizonte em um laboratório arquitetônico.