Modelos plus size, trans e LGBT fazem parte da campanha Diversidade, que veio para romper padrões
Representatividade e inclusão. Cada vez mais, essas palavras
vêm sendo colocadas em evidência, afinal, o público começou a exigir a
identificação com as campanhas publicitárias. Homens e mulheres sarados e
dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade não vendem mais como antes. As
pessoas querem se enxergar e se sentir parte dos produtos que vão comprar.
Neste ano, a Victoria’s Secret anunciou que não faria seu
icônico fashion show. Desde 1995, a
grife coloca suas “angels” magras e altas nas passarelas para desfilarem com as
famosas lingeries da marca. Mas, desta vez, o evento foi cancelado por
exigência do público, uma vez que não se adaptaram aos novos conceitos de
beleza e não valorizam a diversidade de corpos em suas campanhas e desfiles. Por
outro lado, marcas como Skol, Avon, Boticário e Arte Sacra, vêm tentando romper
com esses padrões, mesmo que aos poucos.
Campanha Inverno 2019 da Arte Sacra. Foto: Weber Pádua
Tendo em vista essa demanda, agências de modelo estão promovendo um
casting diverso e ações inclusivas que valorizam as diferenças. É o caso da
mineira Bloom TMA, que, recentemente, lançou a campanha Diversidade. Na ação, a modelo trans Gaia
Souza, os modelos e dançarinos Dudu Sorriso e João Vitor, o modelo plus size e
também publicitário Antonio Roque, a modelo portadora de vitiligo Natália Deodato
e a modelo Sabrina Siqueira posam mostrando que bonito é valorizar a diversidade.
Segundo Thaísa Tadeu, diretora e CEO da agência, as marcas
começaram a procurar modelos com os mais diversos corpos e belezas. O foco de
sua empresa sempre foi o de valorizar a multiplicidade, por isso, tem modelos
de todos os corpos, orientações sexuais e gêneros. De uns tempos para cá, o mercado
tem dado cada vez mais espaço para essas pessoas, mesmo que de forma discreta e a passos curtos. Segundo ela, o objetivo da campanha Diversidade é fazer com
que todos se sintam representados. “Hoje, a questão da inclusão está em
evidência, porque se eu não me vejo naquela propaganda, eu não compro. O
público está exigindo isso. Nós queremos quebrar padrões para que todos se sintam
representados”, afirma a empresária.
Antonio Roque, um dos modelos da campanha, conta que se
sentiu surpreso ao ter sido convidado para participar. “Sendo uma pessoa gorda,
não tenho acesso a esse universo. Comprar roupa é lembrar constantemente que
seu corpo não é nem considerado quando pensam em moda”, mas afirma que se
surpreendeu com o resultado e com o tratamento que recebeu. Mesmo que pautas
gordofóbicas ainda sejam levantadas, ele torce para que esse tipo de ação se
repita e vire norma. “Independente do corpo, de gênero ou de raça, todo mundo
quer brilhar”, diz o modelo.
* Sob supervisão da jornalista Bárbara Batista