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Hemominas adota nova técnica para limpar sangue e evitar transmissão de doenças nas transfusões

O método, o primeiro no sistema público, inibe agentes infecciosos, bactérias, entre outros germes, antes do procedimento


Créditos da imagem: Marcelo Camargo
A Hemominas aponta que o método tradicional de testagem pode escapar pela janela imunológica, que é o período de contaminação de um indivíduo e o aparecimento do positivo no teste diagnóstico, seja sorológico ou molecular

Agência Brasil

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04/01/22 às 10:11
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Uma nova Técnica de Inativação de Patógenos (TRP) implantada pelo Fundação Hemominas traz mais segurança à transfusão de sangue no estado. O método, o primeiro no sistema público, inibe agentes infecciosos, bactérias, entre outros germes, antes do procedimento. De acordo com a entidade, a técnica é uma resposta a ameaças infecciosas, tendo em vista que pode conter até mesmo microorganismos que tenham surgido recentemente ou desconhecidos e para os quais não há testes laboratoriais na triagem do sangue doado.

A presidente da Hemominas, Júnia Cioffi, aponta que a fundação já analisava a importância do método que é aplicado em diversos países. “Quando começou a pandemia de covid, quando ainda não se sabia que esse vírus não era transmissível pelo sangue, a gente colocou a importância de ter uma metodologia como essa para prevenir ainda mais essas doenças infecciosas”, explica. Ela lembra que a TRP protege as plaquetas de vírus, como “dengue, chikungunya, Zika, gripe H1N1 e qualquer outro”.

O método foi aprovado para uso em toda a Europa, em 2002; nos Estados Unidos, em 2014, e no Canadá, em 2018. Ele é importante, sobretudo, para pacientes imunossuprimidos, como pessoas em tratamento quimioterápico ou que passaram por transplante de medula óssea, pois ele evita a transmissão de bactérias que podem ser fatal para esse público. De acordo com a Fundação Hemominas, a reação mais comum à transfusão de plaquetas é justamente a transmissão de bactérias. Além de melhorar a qualidade do processo de transfusão de hemocomponentes, a inativação de patógenos também impacta o aproveitamento dos estoques de plaquetas, pois aumenta de cinco para sete dias a vida útil desse produto. O custo total de implantação do método foi de cerca de R$ 5 milhões.

“Ele tem um custo alto de implantação, mas depois fica muito próximo dos procedimentos que a gente já faz de manutenção. A gente faz a mudança de metodologia, têm alguns testes que não vão ser mais necessários de serem feitos por causa da contaminação bacteriana”, explica a presidente da Hemominas.

A tecnologia implantada altera os ácidos nucleicos dos microorganismos que podem estar presentes nos componentes do sangue. Esse procedimento faz com que os agentes infecciosos deixem de se replicar e deixa o hemocomponente mais seguro.

A Hemominas aponta que o método tradicional de testagem pode escapar pela janela imunológica, que é o período de contaminação de um indivíduo e o aparecimento do positivo no teste diagnóstico, seja sorológico ou molecular. “A gente tem que continuar seguindo a legislação brasileira, mas o que nos propicia é aqueles doadores que são assintomáticos, e que poderiam transmitir, [são cobertos pela técnica], explica a presidente da fundação.

A inativação de patógenos já está sendo realizada desde 1º de dezembro. “Nós vamos começar com a região metropolitana e o Hemocentro de Belo Horizonte, que já recebe hemocomponentes de várias cidades onde nós temos unidades e equivale a aproximadamente 50% do que a gente produz”, apontou Júnia.

Ela acrescenta que há um projeto para ampliar esse processo para outras unidades, mas que, atualmente, é possível atender demandas específicas no estado. “Para os pacientes que têm necessidade maior, como esses transplantados e que fazem tratamento com quimioterapia, mesmo em cidades onde ainda não está sendo feito esse processo, os hospitais podem receber o hemocomponente já inativado porque a gente tem uma logística de estoque de transporte de hemocomponente em todo estado.”

Doação

Júnia Cioffi segue alertando para a necessidade de recomposição dos estoques de sangue nos hemocentros de todo o país. “A pandemia trouxe uma dificuldade para todos os hemocentros na manutenção dos estoques. Isso aconteceu por causa dos protocolos de distanciamento e necessidade de maior cuidado na hora de atender os doadores. No momento, nosso estoque [em Minas Gerais], não está muito ruim, mas nós continuamos precisando de doadores dos grupos A positivo, O positivo e todos os negativos”, destacou.

A presidente lembra que neste período de Ano-Novo o reforço dos estoques é ainda mais importante. “Infelizmente, a gente sempre vê mais acidentes nessa época, então a gente acaba usando mais bolsas de sangue. Eu aproveito para convidar as pessoas a doarem em qualquer hemocentro do país, porque todos os estados precisam de doação.”