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Mineira com 'pior dor do mundo' tem novo tratamento, mas não descarta eutanásia

Perto de arrecadar meta de R$ 150 mil em vaquinha, Carolina Arruda não vê muita esperança no procedimento que pode amenizar a dor em até 30%



Créditos da imagem: Instagram/Reprodução
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"Não é um tratamento milagroso, que vai devolver minha qualidade de vida rápido", avisa Carolina aos mais de 150 mil seguidores na internet
Redação Sou BH
09/07 às 19:52
Atualizado em 09/07 às 20:00

Em pouco mais de uma semana, R$ 128 mil já foram doados à campanha virtual que pretende facilitar o acesso da mineira Carolina Arruda à eutanásia. A vaquinha on-line, aberta por ela no último dia 1º, já alcançou 85% da meta de R$ 150 mil. Com o dinheiro arrecadado, a moradora de Bambuí planeja pagar os custos da viagem até a Suíça, onde pacientes com doenças incuráveis podem decidir pelo fim da própria vida.

    Leia mais sobre o caso de Carolina: Mineira com 'a pior dor do mundo' busca R$ 150 mil para eutanásia na Suíça

Apesar da meta quase alcançada, uma internação ocorrida na última segunda-feira (8) aqueceu a esperança dos milhares de seguidores que acompanham a jornada da mineira pelas redes sociais: Carolina foi admitida no Centro de Oncologia da Santa de Casa de Alfenas, na Região Sul de Minas. 

Tratamento acende esperança entre seguidores

Carolina Arruda agora recebe tratamento comandado pelo médico especialista em dor Carlos Marcelo, uma das maiores autoridades do país no assunto. A unidade de saúde também é referência em tratamentos do tipo para todo o Brasil.

O procedimento de longa duração, a que Carolina se submete em Alfenas, consiste em receber doses de vários medicamentos que fazem com que o corpo fique anestesiado e deixe de sentir dor por algum tempo. A intenção é que esse estado sirva para "resetar" o cérebro, amenizando as dores crônicas e intensas causas pela condição conhecida como neuralgia do trigêmeo.

"Não desisti da eutanásia"

A novidade do tratamento empolgou os seguidores de Carolina, mas a paciente prefere ser cautelosa quanto às esperanças de uma recuperação a curto prazo. "Não estou nem com medo nem ansiosa. Na verdade, não sei ainda o que estou sentindo. Não estou acreditando muito no que está acontecendo, porque para mim esse tratamento estava fora da realidade", contou ela em vídeo no Instagram.

Para Carolina, o tratamento conduzido na Santa Casa não deve fazê-la desistir da eutanásia, mas poderá servir para garantir qualidade de vida enquanto ela aguarda os desdobramentos legais que a levarão até a Suíça. "Só de trâmites, vão mais ou menos uns dois anos. E nesse período eu quero ficar com o mínimo de dor possível. Por isso eu estou tentando o tratamento", ela explica.

"A eutanásia é um processo extremamente burocrático e longo. Então eu ainda tenho que fazer todos os trâmites de documentação, tradução do documento (...), tem que juntar um monte de laudo, desde as primeiras vezes em que fui ao médico e traduzir todos. Depois disso, ainda preciso passar por pelo menos dois médicos psiquiatras, que confirmem que eu estou em um estado tranquilo para tomar a decisão".

Apesar disso, a mineira não descarta a possibilidade de abrir mão da eutanásia, mas somente caso a redução da dor seja bastante significativa pelos próximos meses. Ela explicou aos seguidores que o tratamento tentará amenizar um pouco a dor, em torno de 20% ou 30%, mas não pode curá-la. "Se, por um milagre, o tratamento for muito efetivo e tiver muitos resultados positivos, posso reconsiderar a eutanásia", afirmou.

O que acontecerá com o dinheiro da "vaquinha"?

Questionada se o valor estipulado como meta da campanha de arrecadação, de R$ 150 mil, seria suficiente para pagar todo o processo até a eutanásia, Carolina respondeu que não. 

"Eu fiz uma estimativa nesse preço, mas me parece que é bem mais. Tem que pagar médico aqui no Brasil, médico na Suíça, passagem, passaporte, autenticar vários documentos, tradutor para documentos e para avaliação oral, além do procedimento em si e da cremação. É tudo muito caro", detalhou.

Perto de atingir meta da vaquinha, Carolina entra em um novo tratamento; ela quer melhorar a qualidade de vida enquanto aguarda por eutanásia

Se o tratamento conduzido em Alfenas for eficaz, ela pretende usar os recursos já arrecadados para pagar as próximas etapas do atendimento. A fase inicial do tratamento é feita pelo SUS, mas uma última alternativa podem ser os eletrodos de neuroestimuladores, que são pagos. 

Nessa hipótese, Carolina também pretende contratar um advogado para garantir acesso gratuito à medicação de que necessita. "O resto, que eu não usar para o meu tratamento, vou doar para a instituição da dor", disse ela, referindo-se à unidade referência que é comandada pelo Dr. Carlos Marcelo.