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BH recebe um encontro de danças

Balé Teatro Guaíra e Cia de Dança do Palácio das Artes fazem apresentação única no Sesc Palladium



Créditos da imagem: Guto Muniz/ Divulgação
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Peça "Entre o céu e as serras" da Cia de Dança do Palácio das Artes é remontada
Redação Sou BH
20/01/15 às 20:00
Atualizado em 01/02/19 às 20:01

Por Camila de Ávila jornalista Sou BH

O Balé Teatro Guaíra, BTG, de Curitiba vem à capital mineira, nos dias 23 e 24 de outubro, fazer uma visita para a Cia de Dança do Palácio das Artes. E como toda visita educada, o Balé Guaíra traz de presente, a coreografia “A Sagração da Primavera” de Vaslav Nijinsky com música de Igor Stravinsky e uma performance. Como agradecimento a Cia do Palácio das Artes apresenta a coreografia “Entre o Céu e as Serras” de 2000. A visita se chama BTG & Cias.

Segundo a diretora da Cia de Dança Palácio das Artes, Cristina Machado, esta visita é um projeto que já acontece há alguns anos. “O projeto BTG e Cias é filho de um movimento que as companhias de dança públicas fazem convidando pessoas da gestão pública para discutir questões da dança tanto para sua gestão como para seu formato e fomento”, explica. 

O primeiro desses encontros entre as cias públicas de dança aconteceu em Salvador. Belo Horizonte promoveu as reuniões em 2008 e, na ocasião, a Fundação Clóvis Salgado, como gestora do grupo, recebeu importantes dirigentes, gestores, curadores e críticos de dança. O projeto do BTG & Cias, além de promover as reuniões e encontros, em Curitiba, no mês de novembro, apresenta também essa excursão na qual a trupe visita as cidades que enviarão seus grupos de dança.

A presença do Guaíra em BH promove uma performance muito singela, de acordo com Cristina. “Na quinta-feira, dia 23 de outubro, no foyer do Palácio das Artes, vamos compartilhar com o público uma ação muito delicada. Cerca de seis bailarinos do BTG vão oferecer uma dança para quem estiver no local”, conta. A Cia de Dança do Palácio das Artes fará uma performance inspirada em uma das danças de seu repertório, “Coreografia de Cordel”. “Na parte que cabe a Cia do Palácio das Artes, vamos inserir o público na dança com abraços”, diz.

No dia seguinte, 24 de outubro, no Sesc Palladium o BGT apresentará a clássica coreografia de Vaslav Nijinsky sob a música de Igor Stravinsky. Essa peça foi produzida pela primeira vez em 1913 e teve grande polêmica, pois a música era extremamente moderna para a época e a coreografia continha passos de dança muito diferentes. Além disso, em sua estreia, Nijisnky, tomado pela paixão pela dança e prazer que esta lhe proporcionava, não se controlou e se masturbou no palco num êxtase. “A apresentação da Sagração da Primavera pela BTG é lindíssima, uma produção muito bem feita com direito a chuva no palco”, ressalta.

No mesmo dia, será apresentada a peça “Entre o Céu e as Serras”, da Cia de Dança do Palácio das Artes. “A direção do teatro pediu no início deste ano que remontássemos uma coreografia, para mim foi mais coerente lembrar esta peça, pois trabalhei nela na época de sua produção”, conta. Cristina também ressalta que “Entre o Céu e as Serras” foi a primeira coreografia na qual os bailarinos trabalharam na montagem efetivamente. ”Este balé foi o primeiro espetáculo em que os bailarinos da companhia trabalharam como pesquisadores e colaboradores na criação dos movimentos”, explica.

Cristina diz que as apresentações serão no Sesc Palladium e não no Palácio das Artes apenas por uma questão de agenda. “Não será no Palácio das Artes por causa da data da turnê do BGT. Neste dia, que a companhia vem aqui não temos agenda com o teatro. Porém, temos uma parceria bem bacana com o Palladium e eles cederam o teatro pra gente”, conta.

O Clássico

A Cia de Dança do Palácio das Artes, segundo Cristina, não produzirá mais balés de repertório. “Não comportamos 40 bailarinos para produção de balés de repertórios”, explica. O grupo do Palácio das Artes é mais voltado para a dança moderna. “Manter um repertório de dança clássica é muito pesado, ainda mais para uma companhia pública como é o nosso caso. A nossa estrutura não é essa e é importante para a companhia este trabalho de pesquisa e exploração de novos movimentos, e isso é possível com a dança moderna”, explica.

Para Cristina, a dança clássica no Brasil é mais difícil mesmo. “Aqui no Brasil são poucas as companhias que produzem este tipo de balé. O Guaíra ainda faz essas montagens, temos a São Paulo Cia de Dança e o Cisne Negro, sem contra a Cia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro que já nasceu com este objetivo”, conta. Mas a dança clássica é a base de todas. “Até os bailarinos do Corpo, para executar aquela dança do Rodrigo Pederneiras precisam da técnica da dança clássica, mas, o que sobressai é a originalidade da dança brasileira”, ressalta.

“A Sagração da Primavera” e “Entre o Céu e as Serras” serão apresentados no Sesc Palladium, no dia 24 de outubro, às 20h.