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Êxodos traz Sebastião Salgado de volta a BH

O Museu Inimá de Paula mostra, até o dia 16 de novembro, as fotos impactantes do mineiro



Créditos da imagem: Sebastião Salgado
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A ocupação pelos camponeses sem-terra da fazenda Giacometti no Paraná 1996
Redação Sou BH
20/01/15 às 20:29
Atualizado em 01/02/19 às 19:58

Por Camila de Ávila jornalista Sou BH

Quarenta países em seis anos e um resultado de tirar o fôlego. Esta é Êxodos, mostra de fotografias de Sebastião Salgado que fica em cartaz até 16 de novembro no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201 – Centro) com entrada gratuita. Força, beleza, dor e sofrimento são as expressões que as coleções África, Luta pela Terra, Refugiados e Migrados, Megacidades e Retratos de Crianças apresentam para o público.

Após deixar a Grande Galeria do Palácio das Artes com a mostra Genesis, Sebastião Salgado volta a BH no Museu Inimá de Paula com 60 fotos de Êxodos. Segundo a secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, BH é privilegiada em poder contemplar a mostra. “É uma felicidade receber Sebastião Salgado, um mineiro ilustre de importância reconhecida mundialmente. É um orgulho ter, em tão pequeno espaço de tempo, duas mostras deste artista. Êxodo é um trabalho muito forte e não perde a contemporaneidade”, afirma.

Segundo a curadora do Museu Inimá de Paula, Guiomar Lobato, a mostra é impactante, mais humana e combina com o espaço cultural. “Êxodos mexe com as pessoas. Achamos mais condizente com o museu, pois aqui, mostramos a arte que é a trajetória do artista sobre o planeta. E as fotos de Sebastião para Êxodos contam o percurso do homem no mundo”, explica.

A mostra se divide em cinco coleções da sequência de fotografias denominada Êxodos que é, na verdade, um livro lançado em 2000. O texto da publicação é de Salgado e a edição foi lançada simultaneamente em Rochester, Paris, Lisboa, Milão, Rio de Janeiro, Madri, Hamburgo e Vaticano. As fotos contam a história perturbadora da humanidade em trânsito e mostram refugiados ou exilados que se transformam em migrantes, fugindo da pobreza, fome, repressão e miséria. O destino para alguns é desconhecido e para outros não se sabe nem se vai chegar ao fim.

As fotos de Salgado são uma mostra de sua alma. Ele é um homem, segundo Guiomar Lobato, que possui uma vocação. “Sebastião Salgado transformou a vida profissional numa tentativa de melhorar o planeta. Ele não é apenas um fotógrafo, é um idealista que tenta preservar o que o mundo destruiu e destrói”, analisa.

Observando as fotos de Salgado no Museu Inimá de Paula é possível sentir compaixão, piedade, dor e sofrimento. Os olhos das personagens captadas pelas lentes do fotógrafo são profundos e verdadeiros. O talento do artista consegue passar para o espectador a alma das pessoas eternizadas nas imagens.

O Memorial Minas Gerais Vale tem uma mostra permanente com 21 fotos de várias coleções, dentre elas estão Genesis e Terra, e um vídeo da mostra Êxodos.

Sebastião Salgado

Mineiro de Conceição do Capim, Sebastião Salgado é economista de formação e foi militante na ditadura militar. Por conta do regime totalitário foi morar em Paris em 1969. Fotografou pela primeira vez usando uma câmera Leica numa viagem que fez para África em 1973. Entrou para Magnum, cooperativa de fotógrafos franceses, e foi encarregado de registrar os primeiros 100 dias do governo de Ronald Reagan, em 1981, quando o então presidente dos EUA sofreu um atentado. Salgado foi o único fotógrafo a registrar o ocorrido.

Seu primeiro livro de fotografias foi “Outras Américas”, em 1986, no qual retrata a pobreza na América Latina. Em seguida lançou “Sahel: O Homem em Pânico”, no qual retratou o trabalho da ONG Médicos sem Fronteiras, em 1986. Entre os anos de 1986 e 1992 se concentrou na documentação do projeto denominado “Trabalhadores rurais”. No mesmo ano lançou “Terra”, que tem prefácio de José Saramago e trilha sonora de Chico Buarque. “Êxodos” saiu em 2000, em seguida a coleção de fotos “O Berço da Desigualdade”, 2005, África em 2007 e por fim Genesis, de 2013.